Estudantes de escolas públicas do Paraná ocupadas nesta semana iniciaram na internet uma campanha para movimentar as salas de aula durante a mobilização contra a MP 746, que prevê alterações no ensino médio brasileiro. Batizada de “Doe uma aula – Apoie uma escola ocupada no Paraná”, a campanha busca formar um banco de aulas e oficinas com voluntários que se disponham a ir até uma das unidades ocupadas. Até esta sexta-feira (7), 46 escolas já tiveram funcionamento afetado pelo movimento no estado. Mais de 300 pessoas se inscreveram para dar aulas ou oficinas nestas locais.
Um formulário com informações sobre que aula os voluntários se interessam em lecionar está sendo compartilhado no Facebook. Além da temática – que tem variado entre assuntos que vão desde yoga, anarquismo a design de sobrancelhas, biologia molecular e conteúdos para o Enem – é preciso deixar informações sobre o tempo de duração de cada aula, recursos necessários, para qual escola a oferta estaria disponível e contatos.
Segundo a organização da campanha, o banco de inscrições é público, para que escolas interessadas possam visualizá-lo e programas de atividades possam ser criados pelas comunidades. “Doe seu tempo e conhecimento para uma escola pública. Engaje sua comunidade a cuidar da escola pública local. Assim construiremos um ensino público com participação democrática”, diz o texto de convocação da campanha.
A advogada Guizela de Jesus de Oliveira, de Curitiba, se inscreveu para apoiar a iniciativa. A ideia é dar aula de legislação enquanto as escolas estiverem ocupadas. O foco deve ser nos direitos básicos do cidadão. “É um assunto importante, que os alunos já deveriam ter aula nas escolas”, comenta ela, que apoia a mobilização dos jovens. “Acho muito interessante os estudantes tentarem reverter essa medida provisória”, afirma.
Também a favor da ação dos estudantes, o professor de Filosofia Olavo Chicoski, de 22 anos, ofereceu aulas de “Filosofia e participação social na democracia”, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. “A mobilização deles é legítima, até para entenderem que a escola também é um espaço deles”, afirma o professor.
Os interessados em colaborar com a campanha podem acessar o formulário.