Professor, comunidade e gestão. Não tem como escapar desse tripé quando se pensa em educação de qualidade. A prova disso são os países campeões nas avaliações de conhecimento dos estudantes. Cada um ao seu jeito, Coreia do Sul, China e Finlândia fizeram a revolução em seus sistemas de ensino. Em comum, carregam a valorização ao professor, a maior participação da comunidade no cotidiano escolar e uma decisão de governo em melhorar a gestão dos recursos dedicados à área. “Não tem segredo. É só uma questão de efetivamente de valorizar a educação”, diz José Paulo da Rosa, diretor regional do Senac-RS e doutor em educação.
Em 2009, Rosa foi à Coreia do Sul tentar entender o milagre que fez o país deixar a pobreza e ter um dos maiores PIBs do mundo em menos de um século. Não foi bem milagre que encontrou por lá, mas o mesmo caminho traçado por outras nações que perceberam que educar a população com qualidade seria a única forma de mudar os índices econômicos.
O plano começa por valorizar a figura do professor e manter os melhores no ensino básico. Nesse sentido, além de bons salários e benefícios, também está uma valorização social. Uma espécie de respeito e admiração pela carreira que faz com que os melhores estudantes queiram ter como profissão a tarefa de ensinar – principalmente a crianças e adolescentes.
“Na Coreia, encontrei um professor que era autor do livro de matemática usado por todas as escolas do país dando aula para o nível médio. Lá, os melhores professores estão no ensino básico”, conta Rosa. Bem diferente do Brasil. Por aqui, os professores mais bem formados vão para o ensino superior. Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) é garantir que 50% dos professores da educação básica tenham pós-graduação até 2020.
“Além de conhecimento, os professores também são preparados para a prática. Eles têm domínio da sala de aula e perdem pouco tempo para controlar a indisciplina”, conta o empresário Oswaldo Tavares ao falar do modelo chinês. Ele já fez quase duas dezenas de viagens pelo mundo para conhecer os modelos educacionais dos países considerados exemplares.
A indisciplina dos estudantes, aliás, tende a ser um problema menor nesses locais. Muito disso porque as famílias estão engajadas no processo de educação das crianças, o que ajuda a incutir na cabeça delas a importância do ensino formal. A família também é primordial para a boa gestão das escolas. Na Coreia do Sul, os conselhos escolares, formados por pessoas da comunidade, avaliam o desempenham da administração da escola e podem até indicar a substituição de um diretor caso percebam que a gestão vai mal.
Na China, escolas mal geridas também sofrem mudanças. Por lá, se uma instituição continua a ter resultados ruins mesmo depois de muitos esforços para recuperá-la, ela passa para as mãos de uma escola melhor. A nova gestão tem dois anos para melhorar os resultados e ganha um bônus, para ser aplicado em sua instituição, caso consiga.
“O que percebemos em todos esses países é que eles priorizaram a educação, mas não só em termos de recursos. Os investimentos são feitos de maneira correta e com planos a longo prazo”, comenta Tavares.