Informalidade, baixos salários e poucos anos de estudo são características mais presentes em famílias que moram em favelas do que nas que moram fora delas. Essa é a conclusão de recorte do Censo Demográfico de 2010 divulgado ontem pelo IBGE. O instituto identificou 15.688 setores censitários em aglomerados subnormais no país, onde estão instalados 3,2 milhões de domicílios abrigando 11,4 milhões de pessoas. No Paraná, o mapeamento encontrou 308 dessas áreas precárias, caracterizadas pela ausência de serviços públicos e infraestrutura, onde vivem 217 mil cidadãos, 75% em Curitiba.
Segundo o IBGE, 27,8% dos moradores dos aglomerados subnormais que se declararam empregados trabalham sem carteira assinada percentual 6% superior ao encontrado fora dessas áreas. Em Curitiba, 64.346 pessoas estavam empregadas à época do levantamento 18% delas trabalhando sem registro.
Essa informalidade se reflete no rendimento médio do trabalhador. De acordo com os dados do instituto, tanto nas favelas brasileiras quanto nas curitibanas, o percentual de domicílios cuja renda média mensal por pessoa era inferior a meio salário mínimo era o dobro do verificado em regiões estruturadas.
Os dados mostraram ainda que o abismo separando a população das favelas da que vive fora dela fica ainda maior quando a comparação é levada à educação. Ao todo, no país, 20% dos entrevistados informaram ter concluído o ensino superior porcentagem que não chega à casa dos 2% entre os moradores dos aglomerados subnormais.
O IBGE considera uma área como "subnormal" quando ela reúne, no mínimo, 51 unidades habitacionais sem documento de posse, carentes de serviços públicos essenciais, como coleta de água e esgoto, e dispostas de forma desordenada, sem padrão urbanístico. Todos os 5.564 municípios do país foram visitados pelos técnicos do instituto, mas em apenas 323 deles foram encontradas áreas com essas características.