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40% dos crimes cometidos por adolescentes são contra a vida

O assunto violência nas grandes cidades tomou conta do debate na sociedade e há um ponto em comum entre os especialistas. Quando o autor da violência é um adolescente, a questão é ainda mais delicada. Segundo dados da Delegacia do Adolescente (DA) de Curitiba, 40% de todos os atos infracionais cometidos por jovens entre 12 e 18 anos incompletos são contra a vida.

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Abril encerra com 20% mais mortes violentas

Confirmando a tendência de aumento na violência, abril encerrou com um crescimento de 20,6% nas mortes violentas cometidas por arma de fogo, arma branca e por agressão, em relação ao mesmo período de 2009. Os dados são referentes a Curitiba e região metropolitana.

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Curitiba é três vezes mais violenta do que a cidade de São Paulo. De acordo com os dados oficiais apresentados pelo Mapa do Crime, di­­vul­­gado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), a capital paranaense – com uma população estimada em 1,8 milhão de pessoas – registrou 632 homicídios em 2009, o que representa uma taxa de 34 homicídios a cada 100 mil habitantes. A cidade de São Paulo – com 11 milhões de pessoas – atingiu 1.235 homicídios no mesmo ano, segundo o go­­verno estadual paulista. A média da maior cidade do país é de 11 assassinatos por 100 mil habitantes. A comparação só foi possível agora que a Sesp divulgou os dados oficiais, depois da saída de Roberto Requião (PMDB) do governo.

Quando os crimes da região me­­­­tropolitana de Curitiba são so­­mados aos da capital, os números são ainda mais preocupantes: fo­­ram 1.523 assassinatos em 2009 – o que, para 3,3 milhões de habitantes, re­­sulta em 46 homicídios por 100 mil ha­­bitantes. "A taxa de Curi­­­­tiba é bastante elevada em re­­la­­ção ao contexto nacional e de­­mons­­tra uma de­­­­terioração na cidade", afirma Igná­cio Cano, doutor em Socio­­lo­­gia e integrante do La­­bo­­ra­­tório de Análise da Violência da Uni­­ver­si­­da­­de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Se comparada com a capital flu­­minense, que tem uma população menor que São Paulo, o número ainda assusta. Enquanto Curi­­tiba vive com 34 homicídios/100 mil habitantes, no Rio de Janeiro, cidade sempre criticada pelo do­­mínio do tráfico de drogas, o índice é de 34,8, quase igual ao da capital do Paraná. Os cariocas registraram uma população de 6,1 milhões de pessoas no ano passado.

Os especialistas garantem: a es­­calada do crime contra a vida é preo­­cupante e não pode ser explicada de forma simples. "Existe uma combinação de fatores que po­­de explicar essa taxa alta. Pri­­mei­­ro, Curitiba é uma cidade que tem se desenvolvido muito rápido. Se­­gundo, a cidade tem uma posição geográfica de passagem no país", explica o sociólogo e coordenador do programa de mestrado e doutorado em Educação da Ponti­­fí­­cia Universidade Católica do Para­­ná, Lindomar Bonetti.

Na opinião dele, Curitiba está en­­tre as capitais com infraestrutura mais precária na periferia da ci­­da­­de, o que favorece a violência. A so­­lução para frear a disparada dos ho­­micídios também é complexa. Os especialistas ouvidos pela Gaze­­ta do Povo são unânimes: apenas aumentar o efetivo policial não resolve. "Não basta apenas a presença policial. Hoje, a con­­cepção de segurança não pode descartar a participação dos municípios, principalmente no que diz respeito à prevenção", enfatiza Tião Santos, integrante do Conselho Nacional de Segurança Pública e coordenador da ONG Viva Rio.

Para Santos, as prefeituras po­­dem se envolver mais na qualidade de vida do cidadão, desde a me­­lhoria da moradia, passando pelas atividades para a juventude, iluminação pública, até a criação de um programa que integre de forma mais concreta a guarda municipal com as polícias. "Tem de haver uma ação estratégica combinada. É preciso que os prefeitos assumam o papel que é deles também quando o assunto é prevenção."

A Sesp, procurada pela reportagem, não quis se pronunciar sobre a comparação dos índices de homicídios.

São Paulo

Segundo Cano, da UFRJ, a queda na taxa de ho­­micídios na cidade de São Paulo é uma resposta a diversos fatores. Ele lembra que as políticas públicas têm tido contribuições na diminuição dos homicídios. Outro ponto destacado pelo sociólogo é um tanto curioso: a falta de concorrência entre os criminosos na capital pau­­lista. "A monopolização do crime é um item que impede os conflitos", explica. Ou seja, o domínio da facção criminosa Primeiro Co­­man­­do da Capital (PCC) evita a guerra entre criminosos, contribuindo para baixar as estatísticas de homicídios.

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