O fim da integração financeira entre as linhas de ônibus de Curitiba e as metropolitanas vem provocando uma situação inusitada no Terminal Angélica, em Araucária. Pessoas de todas as idades têm frequentemente pulado a catraca para não pagar a tarifa. Há uma semana, as principais roletas do local foram trocadas na tentativa de dificultar a burla, mas a mudança inibiu apenas parte dos usuários.
Entre 6h30 e 8 h de segunda-feira (6), a reportagem flagrou dezenas de usuários pulando a catraca. Quando chamados, ninguém se recusou a dar entrevista ou aparecer nas fotos ou no vídeo. Para os passageiros, as mudanças feitas no sistema de transporte pesaram no bolso e são injustas.
Gasto oito passagens ao dia. Tenho de pagar passagem para dois filhos. Enquanto houver esse desrespeito, a gente vai passar.
“A gente fura mesmo. Não ligo. Eu sei que é feio, até vergonhoso, mas a gente não tem dinheiro. Eu gasto oito passagens por dia. Eu trabalho por conta. Tenho que pagar passagem para dois filhos meus. Enquanto houver esse desrespeito, a gente vai passar [sem pagar]”, diz G. R., que mora em Araucária.
Com o fim da integração, quatro linhas de ônibus que circulam em bairros da cidade perderam a conexão direta com o Terminal Angélica. Os usuários chegam a descer dentro do terminal, mas, se quiserem pegar outros ônibus, precisam passar por mais uma catraca, pagando nova tarifa. Não foi a única mudança no sistema de transporte entre Araucária e Curitiba, mas o surgimento de mais uma tarifa é apontado como o principal problema por lá.
O custo para quem mora em Araucária e trabalha na capital, por exemplo, pode chegar a R$ 13,20 ao fim do dia. Neste caso, a primeira tarifa desembolsada é de R$ 3,30 (quem utiliza o cartão do município paga menos, R$ 2,50), para pegar uma linha dentro de Araucária e descer no Terminal Angélica. No local, o usuário paga mais R$ 3,30 para pegar um ônibus até Curitiba. Os mesmos R$ 6,60 são desembolsados na volta.
Mudança no transporte gera onda de “pula catraca” em Araucária
Com o fim da integração do sistema de transporte, usuários do Terminal Angélica agora reclamam de tarifa “dobrada”.
+ VÍDEOSSeparação
Para Sandro José Martins, presidente da Companhia Municipal de Transporte Coletivo (CMTC), órgão ligado à prefeitura de Araucária, o problema deve ser amenizado com a separação física dos pontos de chegada e de partida dos ônibus. “Tivemos uma reunião com representantes da Comec [Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba, órgão ligado ao governo do Paraná] e uma das coisas que está sendo estudada é a construção de tubos de pontos de ônibus em locais próximos ao Terminal Angélica, mas não dentro”, explica. Duas empresas do município utilizam hoje o terminal: a Araucária Transporte Coletivo e a Viação Tindiquera. No município, existe mais um terminal, o Central, onde circula um número maior de pessoas.