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Embora pareça, amamentar não é um ato automático para todas as mulheres. São muitas as que enfrentam dificuldades para alimentar o filho logo nos primeiros dias do pós-parto. Baixa produção de leite, dor causada por machucados nos mamilos e o ingurgitamento das mamas são alguns dos principais motivos que levam a isso. A apresentadora Fernanda Gentil está entre as mães que viu a amamentação se transformar em uma batalha.

No último fim de semana, ela publicou um texto em uma rede social em que conta o seu drama e como se sentiu ao ter de passar a oferecer leite artificial para o filho Gabriel, de dois meses. No perfil de Fernanda no Instragan, onde ela colocou o texto, são muitas as mães que dizem ter se identificado com a situação que a jornalista vive no momento.

Confira a seguir alguns dez mitos e verdades sobre a amamentação:

1 - Amamentar é fácil

Mito. Amamentar é cansativo e exige muita paciência, principalmente no início, até que a mãe se recupere do parto e ela e a criança se adaptem ao processo. Uma dica para tornar esse momento mais fácil é participar de um curso para gestantes, ainda durante a gravidez, para tirar dúvidas e aprender detalhes que ajudam na rotina com o bebê. Também é importante que o obstetra converse com a paciente sobre o tema durante o pré-natal. Se a mulher tem mamilos planos ou invertidos, provavelmente o médico recomendará uma preparação ainda durante a gestação. Após o nascimento do bebê, essa mãe precisará de atenção e orientações especiais.

2 - Estresse e nervosismo atrapalham a produção de leite

Verdade. Mães que estão passando por situa­ções de estresse ou muita tensão produzem uma quantidade anormal de adrenalina, que bloqueia a oxitocina, um dos hormônios que influenciam na amamentação. Por isso, elas tendem a produzir leite em quantidade insuficiente. Nesse caso, vale a pena consultar o pediatra sobre a possibilidade de usar complementação.

3 - Amamentar dói

Nem mito, nem verdade. Isso varia conforme a sensibilidade da mãe, mas grande parte não sente nada. Nos primeiros dias, é comum a mama ficar inchada, o que deixa a região dolorida. Fora esse período, normalmente a mulher não sente dor. Caso haja incômodo nos seios, é bom procurar orientação profissional porque provavelmente o bebê não está mamando de maneira correta, o que deve ser corrigido para acabar com a dor. Massagens e o esgotamento da mama evitam que ela fique inchada e possíveis inflamações.

4 - Silicone atrapalha a amamentação

Mito. Nem implante de sili­co­­ne nem mamoplastia compro­metem a produção de leite ou costumam interferir na ama­mentação. Mesmo assim é bom avisar ao cirurgião plástico, antes da cirurgia, que você ainda pretende ter filhos. Assim, ele pode escolher a técnica de colocação dos implantes que afete menos a amamentação. Também é bom alertar o pedia­tra sobre a cirurgia, o que o aju­da a ter cuidado redobrado no acompanhamento do peso do bebê.

5 - Pegar sol nos seios ajuda

Verdade. O contato com os raios solares aumenta a produção de vitamina D no corpo, o que fortalece a pele do seio e ajuda a evitar e a cicatrizar rachaduras nos mamilos. O ideal é começar a tomar sol ainda durante a gestação e manter o hábito durante o período de amamentação, por dez minutos, duas vezes ao dia, antes das 10 horas ou depois das 16 h.

Desabafo publicado por Fernanda Gentil nas redes sociais

Apresentadora falou sobre a frustração de não conseguir amamentar o filho Gabriel, de dois meses, e como está encarado a nova fase

“Eu achei que amamentar fosse tão automático quanto ser mãe: se quando nasce um filho, nasce uma mãe, então essa mãe vai amamentar. Não necessariamente. Não se tiver mamilos invertidos, prótese, redução de mama, se sentir muita dor, o leite não descer ou se secar - e o meu secou. Para uma mãe que sempre sonhou em viver o momento mágico-de-filme do filho mamando no peito, do olho no olho, da mãozinha segurando o nosso dedo, a notícia da mamadeira cai como uma bomba. Chorei, me julguei e repassei a gravidez inteira na minha cabeça tentando descobrir onde errei - se foi o chocolate que comi, a noite que não dormi ou aquela longa escada que subi. O meu sofrimento durou até eu dar a primeira mamadeira. Foi quando descobri duas coisas: eles também olham no nosso olho e a mãozinha também segura o nosso dedo quando mamam na “dedêra”. Descobri também que esse é um assunto polêmico e não estou aqui para polemizar. Se eu posso usar minha imagem para ajudar minimamente que seja, escrevo por isso - principalmente para mulheres na mesma situação que eu. E se você é uma delas, aí vai a minha terceira e melhor descoberta: o amor que bate no peito, bate também na mamadeira.”

6 - O tipo de parto interfere na amamentação

Mito. Tanto mulheres que fizeram cesariana quanto as que tiveram parto normal po­dem amamentar e a anes­­tesia não influencia no proces­so de produção de leite. O que pode influenciar é que, no caso de mães que estão sentindo muita dor – devido a problemas de cicatrização, por exemplo –, há uma demora maior na descida do leite para os seios. Mas, na maioria dos casos, entre o terceiro e quarto dia após o parto, a mulher já tem leite suficiente para amamentar o bebê normalmente.

7 - A amamentação exige uma série de adaptações no cardápio da mãe

Mito. A recomendação é que a mãe siga um cardápio variado, rico em verduras, legumes, frutas, cereais integrais e carnes magras e pobre em produtos industrializados, gorduras, açúcares, sódio e condimentos. A única ressalva vai para leite e derivados e chocolate. O ideal é não abusar, já que eles geram cólicas no bebê.

8 - A mãe pode produzir leite demais (ou de menos)

Nem mito, nem verdade. Na maioria dos casos, a quantidade de leite produzida pela mãe é a ideal para satisfazer o bebê. Porém, algumas mulheres produzem um pouco a mais, e esse excedente deve ser sempre retirado da mama para evitar dor e desconforto. Uma opção é doar para bancos de leite. Em Curitiba, um dos principais é o do Hospital de Clínicas (HC). O oposto também pode acontecer. Cerca de 2% das mulheres produzem menos leite que o ideal, ou por situações de estresse, por problemas de saúde ou devido a uma combinação de alimentação errada e de falta de repouso.

9 - Existe uma posição ideal para amamentar

Mito. A posição ideal é aquela em que a mãe e o bebê se sentem confortáveis, mas algumas dicas ajudam nesse momento. O melhor é que a mãe amamente sentada, segure sempre o bebê com a cabeça em seu cotovelo, leve a criança até a altura da mama e a mantenha bem próxima do seio, com a boca de frente para o mamilo. Note se a criança está com a boca bem aberta, com os lábios virados para fora e abocanhando a auréola, e não só o bico do seio, o que ajuda a tirar a quantidade de leite adequada.

10 - A criança deve mamar a cada duas ou três horas.

Mito. Não há uma regra e a periodicidade varia conforme o bebê. A única recomendação é que a mãe ofereça o leite em “livre demanda”, ou seja, toda vez em que o bebê sentir fome. Algumas crianças, com o passar das semanas, vão criando seu próprio horário e é comum quererem mamar a cada duas ou três horas, mas é importante que a mãe não restrinja a amamentação caso o bebê prefira mamar em um intervalo maior ou menor de tempo. De qualquer forma, é bom ficar de olho: se ele quer mamar a cada hora, é provável que esteja ingerindo pouco leite e é bom pedir orientação a um profissional para identificar o problema. Outra ressalva é que bebês que dormem demais devem ser acordados a cada quatro horas para mamar. Isso evita casos de desidratação, icterícia e hipoglicemia.

A enfermeira Maria Celestina Bonzanini Grazziotin, especialista em Aleitamento Materno pelo IBCLC desde 1998 e responsável pelo Banco de Leite do Hospital de Clínicas, ensina como fazer massagens nas mamas para a amamentação e o esgotamento do leite .

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