Passados pouco mais de três meses desde que o Brasil declarou situação de emergência sanitária devido ao surto de microcefalia, acumulam-se os casos que ainda esperam um diagnóstico. De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, das 5.280 situações suspeitas, apenas 1.345 já foram investigadas .
A explicação para essa demora é o longo caminho percorrido por médicos, bebês e pais desde a notificação do caso suspeito até a confirmação do que realmente causou a má-formação. Basicamente, são três etapas para chegar a essa resposta. A primeira delas é a avaliação clínica da criança, que deve ser feita por um neuropediatra. O profissional avalia se a cabeça do bebê, além de pequena para o padrão, é também desproporcional ao resto do corpo – o que indica microcefalia – e se ele apresenta atrasos de desenvolvimento que possam indicar a má-formação.
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Sendo o resultado positivo, o bebê é encaminhado para fazer um exame de imagem. O preconizado é a ultrassonografia transfontanela. Esse teste usa a abertura da moleira do bebê como uma espécie de janela para fazer imagens do cérebro. Quando o crânio da criança está muito fechado ou não apresenta essa abertura – o que ocorre em algumas situações da microcefalia –, se parte para a tomografia. O exame é mais agressivo para o bebê e há menos aparelhos disponíveis nos serviços de saúde.
O teste de imagem é importante para indicar qual a intercorrência que causou a má-formação. “Quando tem calcificações no cérebro, é sinal de que houve infecção”, explica a médica Marion Burger, pediatra e infectologista que faz parte do grupo da Secretaria Estadual de Saúde que investiga os casos suspeitos de microcefalia notificados no estado.
Se o exame de imagem é indicativo para infecção intrauterina, se parte para investigar qual agente foi o responsável pelo situação. Para essa etapa, são usadas amostras de sangue do cordão umbilical, placenta e líquido encefalorraquidiano do bebê. Também é feita coleta de sangue da mãe para exames. O material é testado para zika e outras doenças que comprovadamente podem causar microcefalia – como toxoplasmose, sífilis, rubéola e citomagalovírus.