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No final de 2016, Nero foi um dos finalistas do Emmy Internacional. | Luiz C Ribeiro/Divulgação
No final de 2016, Nero foi um dos finalistas do Emmy Internacional.| Foto: Luiz C Ribeiro/Divulgação

Eu era um cara feliz pra caramba. Eu tenho muito orgulho de tudo isso. Eu não tinha os meus pais e foi uma época que, por motivos naturais, eu me afastei das minhas irmãs. Mas mesmo assim eu fui muito feliz

Alexandre Nero Ator curitibano

Alexandre Nero pisou o tapete vermelho da fama, mas nem por isso esquece dos cantos, das histórias, dos lugares e das pessoas de Curitiba. Lembra com carinho dos anos em que o sucesso era algo que passava na tevê do quarto da pensão em que morava no São Francisco, região central de Curitiba, e que o frio da capital paranaense fazia parte da sua referência de vida em família após a morte dos pais, quando ele ainda era adolescente.

Talento lapidado

Conhecido pela juventude boêmia que frequentava os bares do Largo da Ordem nos anos 90, a inquietude artística de Nero sempre o impulsionou a buscar parcerias com outros artistas e novos desafios. Foi assim que ele integrou, por muitos anos, o Grupo Fato, formado em Curitiba em 1994 e reconhecido pela diversidade de arranjos e combinações sonoras pouco usuais. “Foi quando eu comecei a ter consciência, embasamento do que é ser artista. Analisando agora, naquela época pré-Fato eu era um músico de boteco, cheio de pretensões e com um talento bruto, mal acabado”, comenta.

Ator, cantor, compositor, escritor e curioso das artes em geral, Nero nasceu em Curitiba, em 1970, mas ainda criança se mudou com a família para São Paulo. Em um intervalo de dois anos, sua mãe e seu pai morreram de câncer e, para ele, Curitiba foi a “rota de fuga”. “Eu queria sair de São Paulo, eu tinha 17 anos e tinha perdido os meus pais. Curitiba era a cidade mais próxima afetivamente. Além de ter nascido em Curitiba, eu tinha um tio aí”, relembra, citando o irmão de seu pai, Iran Vieira, com quem morou por cerca de dois anos, no bairro Boa Vista.

Para Nero, drama apenas no palco, quando a cena exige. Mesmo com a história triste do garoto que teve que se virar sozinho no mundo desde muito cedo, não espere nenhuma vitimização. Aproveitou a voz, o violão e o repertório musical da música popular brasileira para ganhar uns trocados e garantir sua sobrevivência.

Da casa do tio, foi para a pensão, perto do Largo da Ordem, onde dividia o quarto com outras cinco pessoas e tudo o que tinha, além do violão, cabia dentro de um armário de meio metro quadrado. “Eu era um cara feliz pra caramba. Eu tenho muito orgulho de tudo isso. Eu não tinha os meus pais e foi uma época que, por motivos naturais, eu me afastei das minhas irmãs (Ana e Andréa) porque elas estavam casadas, moravam em São Paulo e a internet não existia. Mas mesmo assim eu fui muito feliz, eu gostava de viver ali”, afirma.

LeitE QuentE

Alexandre Nero não faz nenhum esforço para esconder sua forte ligação com Curitiba. Ao contrário. Quando não está em cena, faz questão inclusive de manter o sotaque curitibano de “leitE quentE”.

Quando está na cidade, Nero gosta de caminhar pelo calçadão da Rua XV de Novembro para observar o colorido difuso da cidade ou a arquitetura e a arte do Largo da Ordem, seus dois refúgios dentro da selva curitibana. “Mas infelizmente não é mais o meu Largo da Ordem. Não tem mais aquela poesia, nem os bares que eu frequentei. Daqui a pouco vai ter um Mc Donald’s ali. Hoje, talvez, Curitiba, não tenha mais o meu canto”, alfineta.

Ainda assim, o ator conta que sente falta de Curitiba diariamente – principalmente da temperatura. “O aparelho de ar condicionado da sala está sempre em 17 graus. Quando a minha irmã chega aqui, ela brinca: ‘nossa, entrei em Curitiba’. Eu gosto de me sentir em Curitiba”, diverte-se.

Curiosidades

Um dos locais que o Alexandre Nero morou, por vários anos, foi em um prédio atrás do Shopping Mueller. Na Rua Mateus Leme esquina com a Inácio Lustosa. Ele dividia apartamento com uma colega, com quem depois perdeu o contato. “Todo mundo pensava que era minha namorada. Mas nunca tivemos nada, apenas dividíamos o espaço na casa e era ótimo”.

O primeiro imóvel que Alexandre Nero adquiriu em Curitiba foi um apartamento na Rua Martin Afonso, no São Francisco, onde ele morava antes de mudar para o Rio de Janeiro. O investimento foi possível graças ao sucesso da banda Denorex em meados dos anos 2000.

Especial Aniversário de Curitiba

Para comemorar os 324 anos de Curitiba, a Gazeta do Povo publica uma série especial com o perfil de curitibanos célebres que representam a nova cara da cidade. Até dia 29 de março, um novo personagem falará diariamente sobre sua relação com Curitiba.

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