Estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) relataram casos de ameaças de estupro contra alunas lésbicas e membros de grupos feministas pertencentes ao curso. As mensagens são consideradas machistas e homofóbicas pelas alunas e pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE). O caso ocorreu na segunda-feira (25) e um pedido de procedimento administrativo foi encaminhado à reitoria da UFPR nesta quarta-feira (27).
Um cartaz com a ameaça de estupro foi encontrado em uma área do campus chamada de “estufa”. Em outros cartazes, que foram fixados por alunas com mensagens feministas e que já estavam em paredes do Centro Politécnico, houve intervenção com respostas machistas contra elas. O caso chegou nesta quarta-feira (27) ao conhecimento da reitoria da UFPR. O DCE entrou com um pedido de procedimento administrativo sobre o caso na Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae).
Segundo a estudante do curso e membro do Centro Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo Letícia Naidana, o fato ocorreu depois que as alunas colaram cartazes favoráveis ao movimento feminista no curso. “Fizemos os cartazes depois uma oficina, para mobilizar as alunas e mostrar que temos voz”, relata. A estudante ainda informou que, nos próximos dias, ela e outras alunas devem se reunir para apresentar perante autoridades policiais as denúncias de ameaça e preconceito.
Departamento
Tanto a estudante quanto o DCE reclamam da atitude da chefia de departamento do curso depois de o caso ganhar repercussão e de os cartazes feitos pelas alunas em resposta às ameaças serem colados nas paredes, bem como das mensagens escritas com tinta diretamente nas paredes. Segundo Letícia, o departamento as alertou sobre possíveis danos ao patrimônio da universidade e não teria tomado as devidas providências contra os casos de machismo e homofobia. “Nós informamos ao departamento sobre os casos e eles nos notificaram, que poderíamos sofrer procedimento administrativo por dano ao patrimônio porque pintamos algumas paredes. Mas nenhuma providência sobre os casos [de ameaça] foi tomada”, reclama.
O DCE, no ofício encaminhado à UFPR, diz que entende que as intervenções com cartazes e tinta podem gerar punições por dano ao patrimônio da instituição, mas que “é vexatório que a questão das intervenções se sobreponham às ações de ameaça ocorridas para alunas devido a sua orientação sexual, sendo que o mesmo departamento que critica as manifestações não se posicionou ainda a comunidade universitária sobre os ocorridos”.
- PUCPR investiga abusos cometidos por veteranos em trote de Engenharia Civil
- DF registra dois casos de racismo na internet em quinze dias
- Alemanha ampliará direitos dos homossexuais, mas não permitirá casamento
- Ativistas são presos em manifestação contra homofobia
- Perfil da presidente Dilma no Facebook pede a criminalização da homofobia
Em nota, a UFPR informou que todas as medidas cabíveis serão adotadas para resolver o caso. Segundo a nota, a universidade “não faz qualquer distinção de sexo, raça, cor, religião ou orientação sexual. Enquanto espaço democrático de construção de valores e transformação da sociedade, reafirma sua posição de respeito à diversidade. Mantém absoluta discordância de todas as formas de intolerância e agressividade, pois acredita que este mesmo respeito seja parte indissociável do senso crítico e da dignidade humana”.