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índices importantes

Falta de consolidação de dados atrapalha ainda mais combate ao Aedes

 | Nelson Almeida/AFP
(Foto: Nelson Almeida/AFP)

Dados consolidados sobre epidemias e os casos de dengue, zika e chikungunya são essenciais para a coordenação de ações contra novos o avanço das doenças. Porém, o grande número de casos e de epidemias registrados no país atrapalha na hora da compilação e divulgação dos dados, garantem especialistas.

De acordo com Jaime Rocha, médico infectologista do laboratório Frishmann Aisengart, ter conhecimento completo dos índices pode ser crucial para confirmar ou descartar a presença do vírus em qualquer uma das três enfermidades, além de ajudar a traçar um perfil epidemiológico de uma localidade.

“Conhecer os dados é a única forma de criar medidas sociais de combate ao mosquito e de investimento em localidades que precisam de mais profissionais para realizar atendimentos”, pontuou.

Para Raul Júnior Bely, que coordena a Divisão de Informações Epidemiológicas da Secretaria do Estado da Saúde (Sesa), uma das principais dificuldades dos agentes de saúde está na hora de preencher os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde (Sinan) - sistema de investigação de doenças cuja notificação é compulsória. Na plataforma, a ficha digital de cada paciente deve conter um grande número de informações, como os primeiros sintomas da doença, locais que o paciente pode ou não ter visitado, pessoas com que teve contato, etc.

Bely afirma que a ficha oficial do Ministério da Saúde (MS) tem mais de 70 campos para serem preenchidos, o que não permite que os agentes de saúde coloquem todos os dados no sistema informatizado, principalmente pelo grande número de casos que vem sendo acumulados no Paraná.

“Os dados são importantes para entendermos a evolução da doença e traçar o perfil do município afetado, mas agora, mais importante do que ter todos os dados, precisamos dos números absolutos de casos notificados, suspeitos e confirmados”, afirmou.

De acordo com Bely, para conseguir este tipo de dado, a secretaria disponibilizou uma planilha complementar para que os municípios encaminhem às regionais.

Nela, os agentes preenchem apenas os dados mais relevantes, como números de casos notificados, suspeitos e confirmados das três doenças (dengue, zika e chikungunya). Os dados são repassados dos municípios para as regionais, que enviam as informações toda quinta-feira à Sesa. De acordo com o coordenador, por ser um sistema manual, a divulgação dos dados acaba tendo um “delay”, já que a confecção do boletim epidemiológico é feita às sextas e segundas-feiras, sendo que a divulgação do documento ocorre sempre na terça-feira.

“É impossível não ter um ‘delay’ nos dados. Isso porque os casos continuam acontecendo nas cidades”, explicou.

Dados devem ser atualizados após epidemia

Uma vez no Sinan, os principais dados do paciente - como a data de início dos sintomas, o número de pessoas que convivem com ela, local onde mora - ficam automaticamente disponíveis para o Ministério da Saúde, que não exige uma periodicidade no repasse dos dados pelas secretarias estaduais. Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério afirmou que o ideal é que o boletim epidemiológico seja atualizado semanalmente, o que nem sempre ocorre.

Para o infectologista Jaime Rocha, a atualização completa dos dados é importante quando se pensa no paciente de forma individualizada, mas o número absoluto de casos acaba sendo mais importante para analisar a doença de forma coletiva.

“Os boletins são feitos para analisar os casos de forma coletiva, para que se pense em ações para evitar a transmissão e o acúmulo de água parada em certas regiões”, afirmou. O médico afirma, porém, que a análise de números absolutos pode acarretar subnotificações ou supernotificações.

“Isso porque a sociedade está em alerta por conta de algumas doenças e um alerta é criado para a população. Os casos começam a ser amplamente notificados e muitas vezes não se confirmam. Mesmo assim, as vezes acaba-se descobrindo um outro agravo com sintomas similares, o que é igualmente necessário”, disse. “O ideal é que todos os dados estejam disponíveis, mas no momento atual, os números absolutos é o que temos de melhor no momento”.

Apesar da planilha alternativa, os profissionais devem continuar colocando os casos no sistema do Ministério da Saúde. A previsão da Sesa é que o número de casos de dengue deva começar a diminuir no final de março, quando a temperatura também começa a cair. De acordo o coordenador, este também será o momento de colocar todos os dados no Sinan. “Os dados continuam sendo digitados, mas o grande fluxo de trabalho atrapalha. Quando o número de casos começar a cair, a atualização ficará mais fácil e será possível analisar o perfil de cada local de forma mais técnica”, comentou.

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