O governo do Paraná entrou com uma ação civil pública por dano ao erário contra a Valor Construtora e Serviços Ambientais e quatro pessoas ligadas à empresa de Curitiba, incluindo o verdadeiro dono do negócio, Eduardo Lopes de Souza, e sua irmã, a engenheira Viviane Lopes de Souza. A empresa teria desviado verbas estaduais e federais destinadas a construções e reformas de escolas em todo o Paraná.
As irregularidades, que vieram à tona em junho deste ano, envolvem dez contratos firmados entre a Valor Construtora e a Secretaria de Educação (Seed) entre 2011 e 2014, no valor total de cerca de R$ 30 milhões. Em 2010, quando a Valor Construtora foi aberta, o capital registrado no contrato social da empresa era de R$ 40 mil, valor que saltou para R$ 4,6 milhões em 2015.
De acordo com o Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), da Polícia Civil, Eduardo contou com a ajuda de servidores públicos para desviar o dinheiro. Funcionários ligados à Seed faziam falsas medições sobre a evolução das obras, liberando pagamentos indevidos à empresa.
As outras duas pessoas que figuram na lista de réus são Vanessa Domingues de Oliveira e Tatiane de Souza, representantes legais da construtora, embora sustentem que eram meras funcionárias da empresa e apenas laranjas de Eduardo.
Nesta segunda-feira (30), a reportagem deixou recado para o advogado Claudio Dalledone Junior, que defende Eduardo e Viviane, mas não obteve retorno. A advogada de Vanessa e Tatiane, Alexssandra Saldanha Cabral, também não retornou.
Medida judicial
A ação civil pública do governo do Paraná corre na 1.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba desde o último dia 26. Trata-se da primeira medida judicial do caso, que já é alvo de investigações no Nurce, no âmbito da Operação Quadro Negro, e também no Ministério Público do Paraná.
Fanini
No comando do esquema de corrupção dentro da Seed, ainda segundo o Nurce, estava Maurício Fanini, que entre 2011 e 2014, durante todo o primeiro mandato de Beto Richa (PSDB), foi o diretor de Engenharia, Projetos e Orçamentos da pasta. Em 2015, Fanini foi designado para a presidência da recém-criada Fundepar (Instituto de Desenvolvimento Educacional do Paraná), sendo exonerado do cargo em junho, já na esteira do escândalo. Tanto Eduardo quanto Fanini negam ter desviado dinheiro. Na Seed, todos os contratos firmados pela pasta passam por uma varredura.