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Arqueologia

Gufan, paranaense de 2 mil anos, tem rosto reconstruído com tecnologia 3D

Tecnologia 3D permitirá saber como era o rosto do paranaense  de 2 mil anos cuja ossada foi encontrada em 1954. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Tecnologia 3D permitirá saber como era o rosto do paranaense de 2 mil anos cuja ossada foi encontrada em 1954. (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Gufan é um paranaense de 2 mil anos, que vivia aqui por essas bandas manejando plantas e fazendo farofa de pinhão. Até então, os pesquisadores que descobriram sua ossada em 1954 em um sítio arqueológico no município de Prudentópolis, na região central do Paraná, sabiam sua idade aproximada, algumas de suas características físicas e um pouco de seu dia a dia. Agora, graças à modelagem 3D e à realidade virtual, vai ser possível também ver o rosto desse nosso antepassado. E o melhor: com precisão quase milimétrica.

O “quase” é por causa da orelha, conta Cícero Moraes, designer gráfico e um dos responsáveis pelo projeto, desenvolvido por ele e pesquisadores do Museu Paranaense. “Como no crânio só tem um buraquinho no lugar da orelha, não é possível saber exatamente qual o tamanho dela. Boca, nariz, pele e outras partes do rosto, no entanto, serão reconstruídas conforme a realidade”, diz.

Não foi a primeira vez que Moraes deu vida digital a figuras históricas brasileiras. Em 2014, por exemplo, ele reconstruiu o rosto de Santo Antônio, uma das figuras católicas mais populares do Brasil. Em 2015, o de Madre Paulina, considerada a primeira santa brasileira. “Essa técnica originalmente é usada para reconstrução facial forense. Quando é feita para museus, demora, em média, uma semana”, explica.

Gufan, que plantava e fazia hidromel – bebida alcoólica produzida partir da fermentação de água e mel – vai renascer, relata Claudia Inês Parellada, pesquisadora do Setor de Arqueologia do Museu Paranaense e uma das idealizadoras do projeto. “Estamos revivendo a face desse homem que morreu 2 mil anos atrás. Não é uma máquina do tempo, mas estamos quase lá”, brinca.

Para que Moraes pudesse remontar o rosto do Gufan, Claudia forneceu informações coletadas ao longo de 63 anos de pesquisa arqueológica, como etnia, sexo, faixa etária, ancestralidade e fotografias de vários ângulos. Com a documentação digital em mãos, Moraes utilizou programas que fazem escaneamento 3D de fotografias e uma técnica chamada fotogrametria – que nada mais é do que a obtenção de dados confiáveis a partir de imagens – para remontar a face do rapaz, que morreu quando tinha entre 20 e 30 anos.

Realidade Virtual

O rosto de Gufan será exibido no Museu Paranaense de uma forma inusitada. Além da história dele e de seus conterrâneos, contada pela pesquisadora, e de uma vitrine com os ossos de Gufan, o público também poderá vê-lo em um ambiente 3D imersivo, “construído” pela empresa curitibana Beenoculos, que fornecerá óculos de realidade virtual capaz de simular três dimensões.

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