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hábito perigoso

Medicamentos intoxicam 27 mil pessoas por ano no Brasil

Jane tomou o antigripal de sempre, mas os sintomas só pioraram: descobriu, mais tarde, que estava com pneumonia | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Jane tomou o antigripal de sempre, mas os sintomas só pioraram: descobriu, mais tarde, que estava com pneumonia (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

A automedicação ou o mau uso de remédios intoxica três pessoas por hora no Brasil. A cada ano, 27 mil brasileiros passam mal ao ingerir remédios de forma errada e, na média, 73 acabam morrendo. O país registrou 138.376 intoxicações e 365 mortes causadas por medicamentos entre 2008 e 2012, seja por acidente, tentativa de suicídio, uso terapêutico ou erro de administração.

Esses são os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os fármacos respondem por 27% das intoxicações, à frente dos agrotóxicos e animais peçonhentos, por exemplo. O cenário é preocupante, dado um mau hábito do brasileiro.

O uso indevido de remédios tornou-se um problema de saúde pública decorrente da medicação por conta própria. Sete entre dez brasileiros costumam ingerir remédios sem orientação médica, confiando antes na própria avaliação ou na opinião de parentes e amigos. Após entrevistar 1.480 pessoas em 12 capitais, o Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ) traçou o mapa da automedicação no país.

Em Salvador, 96% dos habitantes se automedicam. A menor taxa está em Belo Horizonte, com 35%. Curitiba tem um índice de 66%, pouco abaixo da média nacional (76,4%).

O mais alarmante é que, para potencializar os efeitos terapêuticos, 32% dos brasileiros declaram aumentar por conta própria a dose do medicamento prescrita pelo médico, odontólogo ou farmacêutico. A liderança desse ranking é de Curitiba, onde 65% dos habitantes aumentam a dose.

No grupo dos que tomam remédio por conta própria, 72% afirmaram confiar na indicação de medicamentos feita pela família, 42,4% acreditam na recomendação de amigos, 17,5% se fiam no conselho de colegas de trabalho ou estudo e 13,7% confiam na opinião de vizinhos (cada entrevistado podia indicar mais de uma opção). Apenas 23,6% declararam consumir medicamentos só quando prescrito pelo médico, odontólogo ou farmacêutico. Em Curitiba, esse índice é de 34%.

Risco

O estudo afirma ainda que 61,4% das pessoas que se automedicam estão conscientes sobre os riscos. Segundo os dados coletados pelo ICTQ, existe uma tendência de diminuição do consumo irregular de medicamentos controlados desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a exigir a retenção da segunda via da receita dessa categoria de remédios.

Nos últimos dois anos, houve redução de 60% no autoconsumo de remédios controlados pela Anvisa. Em 2014, apenas 8,2% declararam consumir medicamentos tarja preta ou tarja vermelha – aqueles com retenção de receita – sem consultar o médico. Em 2012, este índice era de 20%.

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