Uma mudança na forma de pagamento e na integração de linhas do transporte coletivo revoltou usuários e causou a depredação do Terminal Vila Angélica e de sete ônibus em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, na manhã desta segunda-feira (13). A manifestação no terminal foi intensa durante a manhã e chegou a mobilizar 800 usuários, segundo a Polícia Militar (PM). Os passageiros tentaram colocar fogo em bancos de dois ônibus e a PM teve de usar extintores para apagar as chamas. Pelo menos sete ônibus teriam sido atingidos. Protestos menores foram registrados em outros terminais da região metropolitana.
Fazenda Rio Grande
A vendedora Mariana Lara, de Fazenda Rio Grande, reclamou da mudança no cartão, que desagradou usuários de várias cidades da RMC. “Tenho mais de R$ 130 em crédito de transporte, mas hoje tive de tirar do meu bolso a passagem. Piorou bastante”, afirmou.
Luzia Franco da Rocha, auxiliar de serviços gerais, contou que pessoas que estavam no ônibus com ela tiveram de sair do veículo porque não estavam carregando dinheiro.
De acordo com usuários que estavam desde cedo no terminal, o estopim da revolta foi a instalação de uma cerca em volta do ponto da linha Ligeirinho-Curitiba, que aconteceu no fim de semana e pegou muitos de surpresa, impedindo que a população pulasse a catraca, como vinha fazendo, e também pela falta de integração com Curitiba e pela diferença no preço da tarifa. Além disso, o cartão Urbs não está sendo mais aceito para quem pega ônibus de cidades da RMC para a capital, com exceção de créditos adquiridos antes de 6 de fevereiro.
Por volta das 6h, uma pedra foi atirada em um ônibus. Com isso, a população fechou o terminal e tumulto cresceu em proporção. A PM começou a atuar por volta das 6h30 junto com a Guarda Municipal de Araucária para conter a situação, com uma linha de homens diante da entrada.
O vendedor Willian Camargo apoiou a manifestação e lembrou que o descontentamento com o transporte público da região vinha crescendo há algum tempo. “O pessoal já estava cansado. Até que conseguiu aturar bastante pulando a catraca, mas não dá para ficar fazendo isso sempre”, disse ele, que trabalha em Curitiba e atualmente arca com quatro passagens de ônibus por dia para trabalhar.
A trabalhadora doméstica Juliana Rufino afirmou ter ajudado a derrubar placas internas do terminal e fazer as pequenas barricadas que obstruíam as laterais. “Não parti para o vandalismo, mas a verdade é que os dois primeiros protestos pacíficos não tiveram resultado algum”, disse.
Além dos ônibus vandalizados, parte da sinalização e das bilheterias do terminal foram danificadas; dois rapazes foram detidos. Um terceiro chegou a ser preso, mas foi liberado aos gritos da população. Para dispersar os usuários do transporte público, a polícia chegou a abrir fogo com balas de borracha e o trânsito ficou complicado até o começo da tarde nos arredores do Terminal Vila Angélica, especialmente na Avenida das Araucárias.
Em nota, o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) disse que cumpre as determinações dos poderes concedentes e, portanto, não define a operação das linhas nem a forma de cobrança da passagem, sendo estas atribuições exclusivas dos gestores públicos. “O Setransp lamenta, ainda, o vandalismo praticado contra os ônibus, que, em última análise, prejudica o próprio passageiro”, disse a nota.
Comec
O presidente da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), Omar Akel, afirmou que a divulgação das mudanças no uso do cartão começaram a ser feitas desde o final de março. Além disso, Akel afirmou que a Comec está conversando com a Companhia Municipal de Transporte Coletivo de Araucária para chegar a uma redução de tarifa. “Precisamos recalibrar o custo da rede para solucionarmos esses problemas”, disse em entrevista por telefone. “Também estamos estudando uma nova bilhetagem eletrônica para entrar em operação em até 90 dias.”
Veja a nota na íntegra:
“A Comec (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba) esclarece que:
• Com a separação financeira da Rede Integrada de Transporte (RIT), ocorrida em fevereiro, foram feitas mudanças no uso do cartão transporte do sistema metropolitano de transporte coletivo.
• Desde o dia 14 de fevereiro o usuário da Região Metropolitana que se dirige a Curitiba deve pagar sua passagem (no valor de R$ 3,30), com dinheiro ou com vale-transporte de papel (adquirido no Metrocard). Já o usuário que faz o caminho contrário, ou seja, se desloca de Curitiba em direção a Região Metropolitana, deve pagar sua passagem com dinheiro (no valor de R$ 3,30) ou com o cartão da Urbs.
• Apesar do modelo valer desde o dia 14 de fevereiro, por questões técnicas, a Urbs pediu um prazo de até 60 dias para validar o sistema e ajustar os equipamentos.
Nos últimos dias de março a Metrocard distribuiu panfletos nos terminais da Região Metropolitana informando que a partir do dia 29 de março os créditos adquiridos nos cartões da Urbs não seriam mais aceitos na Região Metropolitana.
• Os usuários que carregaram o cartão transporte da Urbs até a zero hora do dia 6 de fevereiro podem continuar usando o cartão da Urbs para se deslocar da Região Metropolitana para Curitiba por um prazo de 06 meses (ou seja, até agosto).
• O vale transporte de papel é temporário e em breve deverá ser lançado o cartão de transporte metropolitano.
• Apesar da separação financeira do sistema, a integração físico-operacional entre Curitiba e os 13 municípios está mantida. Ou seja, o usuário metropolitano que embarcar em um ônibus da Rede Integrada de Transporte Metropolitano (RIT/M) vai se deslocar até um terminal em Curitiba. Ele vai descer dentro do terminal e poderá embarcar em outro ônibus, sem a necessidade de pagar uma nova passagem.”
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