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Saúde pública

Pouca escolaridade pesa na balança

Thallyta e Emily: mudanças de hábitos alimentares após acompanhamento  especial. | Everton Guilherme dos Santos/Gazeta do Povo
Thallyta e Emily: mudanças de hábitos alimentares após acompanhamento especial. (Foto: Everton Guilherme dos Santos/Gazeta do Povo)

Pouco anos de estudo têm reflexos na balança e, consequentemente, na saúde da população. Como mostra a pesquisa Vigitel 2014, divulgada em abril pelo Ministério da Saúde, a prevalência de obesidade e sobrepeso no país é maior entre as pessoas que estudaram menos anos.

Conforme o levantamento, a prevalência de excesso de peso entre os que frequentaram a escola por até oito anos é de 58,9% . No outro extremo (os que têm 12 anos ou mais de escolaridade), o excesso de peso corresponde a 45% . Em Curitiba, a prevalência da obesidade é de 19% e de excesso de peso, 54%.

Quando se trata da obesidade, a frequência é de 22,7% entre a população com pouco estudo e de 12,3% no grupo com maior escolaridade (veja mais no gráfico ao lado).

Os números só expõem mais uma vez um problema de saúde pública que começou a ser detectado na população brasileira em 1989: o aumento da obesidade e excesso de peso entre os indivíduos sem escolaridade ou com poucos anos de estudo. Pesquisas mostram que esse quadro ocorre, principalmente, na área urbana e em países de maior Produto Nacional Bruto per capita.

Dificuldade de acesso a alimentos in natura, falta de conhecimento para escolhas saudáveis, pouco acesso a locais para se exercitar e até falta de tempo para se dedicar a uma alimentação mais balanceada e a exercícios físicos. São muitas as hipóteses para esse fenômeno. E são muitas também as frentes de combate ao problema, que pesa nas contas do Sistema Único de Saúde (SUS) e no orçamento familiar.

No SUS, cerca de 2% dos gastos com tratamentos de média e alta complexidade são relacionados a problemas causados pela obesidade. Na tese de doutorado defendida na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), a nutricionista Daniela Silva Canella mostra que famílias com indivíduos obesos apresentam um gasto privado com medicamentos 11% maior em relação às que não têm pessoas nessa situação

Para o médico cardiologista Edevar Daniel, professor do setor de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná e coordenador do Mais Médicos no estado, o combate ao problema vai além de ações em saúde. Um dos caminhos citados por ele é que a educação alimentar passe a ser abordada em sala de aula. “Dessa forma, o estudante pode se tornar um agente transformador dentro de casa.”

Os jovens também são foco do Ministério da Saúde. Em 2011, a pasta lançou um plano para reduzir a prevalência da obesidade entre crianças e adolescentes e deter o crescimento da doença em adultos. O programa envolve ações que vão desde o incentivo ao aleitamento materno até um acordo com as indústrias de alimentos para reduzir os teores de sódio, gorduras e açúcares nos alimentos.

Diretor de atenção primária à saúde de Curitiba, o médico Paulo Poli defende atitudes mais amplas. Para Poli, são necessárias ações que interfiram na cultura de pouco movimento e muita comida. “Quem está abaixo do peso hoje, tende a engordar com o tempo. Isso porque estamos inseridos em uma sociedade que te faz comer muito e se locomover pouco, isso precisa mudar.”

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