O aparelho lembra um celular ou tablet, mas as funcionalidades vão bem além da possibilidade de conexão via wi-fi e da tela com sistema touch screen. Afinal, trata-se de um equipamento hospitalar.
Batizado de Milli, o dispositivo monitora índices de saúde, como o de oxigênio e de perfusão do sangue, com uma vantagem inovadora: permite que os dados sejam transmitidos pela internet, em tempo real. Com isso, os médicos podem acompanhar seus pacientes a distância.
Nascido e desenvolvido com DNA paranaense, o Milli foi criado ainda na faculdade por um grupo de engenheiros da computação que se formou na Pontifícia Universidade Católica (PUCPR). Já na época, em 2004, tiveram a ideia de levar a tecnologia dos smartphones à telemedicina. Após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o aparelho foi lançado comercialmente em 2011.
“Já existiam equipamentos que monitoravam esses índices de saúde. O que fizemos foi adicionar conceitos e elementos do design e das telecomunicações, de modo que chegássemos a um modelo inteligente e versátil”, explica Marcus Figueredo, diretor executivo da Hi Technologies, empresa formada pelos criadores do Milli.
O Milli é conectado a um sensor conhecido como oxímetro de pulso, que afixado no dedo do paciente faz as medições dos índices de oxigênio no sangue do paciente. Diferentemente de outros modelos disponíveis, o aparelho é portátil, sem fios.
De cara, começou a ser usado em UTIs e ambulâncias – segundo protocolos médicos, cada dois leitos de UTI devem ter um equipamento que monitore a oxigenação do sangue. Em pouco tempo, o Milli chegou a 22 estados brasileiros e a 15 países, entre os quais Estados Unidos, Alemanha e Israel.
Humanização
Por ser quase intuitivo e por possibilitar o acompanhamento remoto, o aparelho vem sendo usado cada vez mais no atendimento domiciliar, o chamado homecare. O enfermeiro ou o próprio paciente podem fazer as medições. O médico recebe as informações na hora, pelo celular ou computador. Uma única clínica de Curitiba, por exemplo, já monitora cerca de 100 pacientes por homecare, principalmente pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) .
“Nós reinventamos a tecnologia, visando a humanização dos atendimentos. Em casa, em um ambiente mais pessoal, o tratamento tem muito mais chances de ser eficaz”, apontou o diretor de tecnologia da Hi Technologies, Sérgio Rogal. “Um equipamento hospitalar virou um aparelho doméstico”, acrescentou.
O equipamento conta ainda com um sistema operacional – semelhante aos instalados em smartphones – que possibilita que sejam instalados aplicativos diversos, desde jogos até músicas. Os programas têm ajudado a amenizar o tratamento.
“O paciente está ali no ambulatório, mas pode navegar na internet ou jogar. Isso ajuda, torna mais leve”, exemplifica o diretor de operações, Carlos Eduardo Chaves.