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Auditoria

TCE sugere tarifa de ônibus a R$ 2,25

Cláudio Castro, do TCE, diz que a retirada e a correção de oito itens que compõem a planilha podem baratear a tarifa em R$ 0,45 | Marco André Lima/Tribuna do Paraná
Cláudio Castro, do TCE, diz que a retirada e a correção de oito itens que compõem a planilha podem baratear a tarifa em R$ 0,45 (Foto: Marco André Lima/Tribuna do Paraná)

O preço da passagem de ônibus na Rede Integrada de Transporte (RIT), que passa por Curitiba e outros 13 municípios da região metropolitana, poderia ser, no mínimo, R$ 0,45 mais barato. A conclusão é da auditoria feita pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) na Urbanização de Curitiba S/A e no Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC) ao longo de três meses.

No relatório final apresentado ontem, a comissão apontou 37 problemas, entre eles, indícios de cartelização na concessão do transporte. O TCE recomendou a imediata anulação da licitação e a realização de uma nova concorrência em 12 meses. Algumas das conclusões da auditoria já haviam aparecido em relatórios da própria prefeitura e da CPI do Transporte da Câmara Municipal.

Segundo o coordenador da comissão, o analista jurídico Cláudio Henrique de Castro, o objetivo do relatório é alertar a administração pública acerca dos problemas. Apesar das recomendações do relatório, que incluem a responsabilização de ex-gestores da Urbs e aplicação de multas, qualquer medida efetiva só será tomada após a análise e decisão do pleno do TCE. Um conselheiro deve ser sorteado para assumir a relatoria do caso ainda nesta semana, mas não há prazo para finalização do processo.

Redução de custos

A auditoria do TCE demonstrou que é possível reduzir o custo do transporte em até R$ 0,45 com a retirada de seis itens que compõem a planilha de cálculo e a correção de outros dois (veja infográfico). Ao acrescentar os valores de subsídio na conta, o benefício para o usuário seria ainda maior: a tarifa cobrada poderia ser de R$ 2,25, segundo o relatório. Nesse caso, a conclusão é de que a metodologia usada para o cálculo é danosa e precisa ser revista.

De acordo com Castro, a auditoria tem "absoluta certeza de que esses itens podem sair" do cálculo da tarifa. Um exemplo é o valor pago pela depreciação das garagens das empresas prestadoras de serviço. Os auditores verificaram os endereços indicados no processo licitatório e não encontrou garagens, mas sim terrenos baldios, estacionamentos, uma concessionária de veículos e até uma agência bancária. "Não há norma contábil que autorize: não se paga depreciação de terrenos, mas foi prevista essa amortização na licitação", explica.

O relatório ainda sugere a análise detalhada de outros oito pontos que poderiam trazer mais reduções tarifárias. Entre eles, estão o pagamento de pró-labore para os diretores das concessionárias, que é calculado sobre o rendimento de um secretário municipal, e a revisão das gratuidades. Castro ressalva que há benefícios que são constitucionais, como a isenção para idosos, mas é preciso indicar fonte de custeio para outros casos, como os oficiais de justiça.

CPI também vai propor enxugamento de R$ 0,22

Felippe Aníbal

A CPI do Transporte Cole­tivo, na Câmara de Curitiba, também vai mostrar que é possível enxugar o preço da passagem da Rede Integrada de Transporte. De acordo com os cálculos obtidos com exclusividade pela Gazeta do Povo, a redução seria de pelo menos R$ 0,22. Se a sugestão da comissão for acatada e o subsídio ao serviço for mantido, o preço da passagem cairia de R$ 2,70 para R$ 2,48.

O corte seria viável a partir da revisão de cinco itens que compõem a tarifa. Nesta conta, quem tem mais peso são os impostos exclusivos (Im­posto de Renda de Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre Lucros Líquidos), responsáveis por R$ 0,115 no custo final da passagem.

Gastos excessivos

Outros itens a serem revistos, de acordo com a CPI, são os gastos com lubrificantes (que com a adequação possibilitariam uma redução de R$ 0,01 na tarifa), o custo com pessoal administrativo (que geraria um corte de R$ 0,04) e taxa de risco do Hibribus, o ônibus movida a diesel e energia elétrica (redução de R$ 0,005). O item chamado "outros custos operacionais" – que engloba a bilhetagem eletrônica, o Segbus (seguro contra acidentes) e o serviço atende – também passaria por adequações, gerando um enxugamento de R$ 0,05 no custo final da tarifa técnica.

"É uma redução considerável, já que o corte de R$ 0,22 centavos implicaria em mais de R$ 66 milhões em um ano. Esse dinheiro vai estar circulando na economia de Curi­tiba, em vez de ir para o bolso do empresário", disse o vereador Bruno Pessuti (PSC), relator da CPI. A comissão não descarta que a revisão seja ainda maior.

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