O O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriu na manhã desta sexta-feira (20) 14 mandados de prisão preventiva, sete mandados de prisão temporária, 30 mandados de busca e apreensão e 15 mandados de condução coercitiva. Entre os detidos estão fiscais da Receita Estadual, um policial civil, um contador e empresários, considerados pelo Ministério público como “testas de ferro”.
A Operação Publicano é um desdobramento do escândalo de corrupção na Receita Estadual na cidade e conta com o apoio da Corregedoria da Polícia Civil. O promotor Cláudio Esteves classificou a operação como uma das mais ousadas realizadas pelo Gaeco. Sem detalhar o caso, ele contou que um dos investigados tentou corromper um agente da polícia do Ministério Público.
Até esta manhã não era possível mensurar o valor desviado pela quadrilha. “Nós temos a ideia que haja uma sonegação sistemática de determinadas pessoas, protegidas por agentes públicos ligados à Receita Estadual”, disse Esteves. As investigações da Operação Publicano começaram há cerca nove meses.
Esteves pontuou ainda que a operação desta sexta-feira tem diversos segmentos, mas que não, necessariamente, têm ligação entre si. “As operações Voldemort e Publicano são originadas em uma mesma situação, mas se tratam de casos distintos entre si, embora hajam alguma correlação”, afirmou.
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Em entrevista ao blog Caixa Zero, o coordenador do Gaeco diz que há indícios sendo apurados que podem ligar a prisão de Abi ao caso da Receita Estadual.
No início desta manhã, o policial civil André Santelli foi preso em Ibiporã, na Região Metropolitana de Londrina, enquanto trabalhava na delegacia local. Segundo o Gaeco, ele seria ex-funcionário da Receita Estadual e teria um irmão que trabalha no órgão. Por volta das 10h40, Santelli foi encaminhado para prisão em Curitiba.
A auditora da Rosângela Semprebom foi detida em sua residência, no centro de Londrina. Ela é irmã Luiz Antônio de Souza, auditor fiscal da Receita preso em janeiro. Outro auditor, Marco Antônio Bueno, também foi preso.
O Gaeco também cumpriu o mandado de prisão do ex-delegado da RE, Dalton Lázaro Soares, nesta sexta-feira (20). Stefan Ruthschilling, proprietário de uma distribuidora de combustível da região está entre os presos desta manhã.
Richa diz que tem “relação social” com Luiz Abi
O governador Beto Richa (PSDB) afirmou na manhã desta sexta-feira, durante evento da Câmara Itinerante em Curitiba, que tem “relações sociais” com Luiz Abi Antoun.
Leia a matéria completaEntre os mandados de prisão cumpridos nesta sexta, três eram destinados a suspeitos presos anteriormente pelo Gaeco: o auditor Luiz Antônio de Souza, delegado da Receita Estadual José Luiz Favoretto Pereira e o empresário Paulo Roberto Midauar.
De acordo com a assessoria do Ministério Público, foram cumpridos mandados em três estados: Paraná, nas cidades de Curitiba, Londrina, Ibiporã, Bandeirantes, Maringá, Campina Grande do Sul e Alvorada do Sul; em São Paulo, no município de Palmital; e no Rio de Janeiro, na capital e em Angra dos Reis.
Ao todo, foram expedidos pelo juízo da 3ª Vara Criminal de Londrina 14 mandados de prisão preventiva, sete mandados de prisão temporária, 30 mandados de busca e apreensão e 15 mandados de condução coercitiva - pessoas encaminhadas para prestarem declarações.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na Receita Estadual de Londrina, em empresas, escritórios de contabilidade e em residências, locais em que foram apreendidos documentos, computadores e quantias em dinheiro.
O coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti, veio para Londrina para acompanhar a Operação Publicano. “Normalmente quando se começa uma operação nós imaginamos para que ponto ela vai, mas neste caso começamos com um ponto que se espalhou para outros. Seguramente, à frente, as investigações devem alcançar mais pessoas pelo tipo de crime que estamos investigando.”
Batisti disse ser obrigado a reconhecer que a rede, alvo da operação desta sexta-feira, não deve ser a única no estado. “Eu imagino que a partir dessas investigações poderá ser possível encontrar outras redes de corrupção em outras localidades do Paraná e do país. É inegável que existem várias redes, várias situações.”
Em 5 de março, o Gaeco cumpriu mais de 50 mandados de busca e apreensão em várias cidades da região Norte do Paraná, inclusive no prédio da Receita Estadual em Londrina. O escritório do órgão também foi vasculhado em Curitiba.
No dia seguinte, o promotor Renato de Lima Castro, da Promotoria de Defesa e Proteção ao Patrimônio Público, fez um alerta e, ao mesmo tempo, um apelo a empresários e contadores, para que tivessem informações ou fossem vítimas do esquema, que colaborassem com o Gaeco.
O suposto esquema de corrupção envolvendo auditores da Delegacia da Receita Estadual em Londrina extorquia empresários de diversas formas, provocando um prejuízo ainda não calculado aos cofres públicos, em impostos que deixaram de ser recolhidos.
Em alguns casos identificados pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, os auditores teriam cobrado propina para dar baixa em dívidas milionárias de empresas. Para isso, eles teriam recebido R$ 200 mil de cada empresário, o que fez com que investigadores ironizassem a situação, questionando se haveria um “tabelamento” da propina.
O escritório do ex-Inspetor Geral de Fiscalização, Márcio de Albuquerque Lima, em Curitiba, também foi vasculhado pelo Gaeco no começo do mês. Albuquerque Lima, companheiro de equipe do governador Beto Richa (PSDB) no automobilismo (eles correram juntos na prova das 500 milhas de Londrina, em dezembro do ano passado), foi alçado da Delegacia da Receita na cidade para o cargo de inspetor no segundo semestre do ano passado. Foi exonerado três dias antes do Gaeco cumprir o mandado de busca no seu escritório
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