A presidente Dilma Rousseff (PT) deve receber governadores aliados na próxima semana em busca de apoio contra o pedido de impeachment aberto contra ela pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, a ideia é chamar, em outras oportunidades, também os governadores de oposição que seriam contrários ao processo.
Jaques Wagner diz que Lula vai entrar de corpo e alma na defesa do governo
O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, minimizou nesta quinta-feira, 3, o racha no PT e afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “vai entrar de corpo e alma” na defesa da presidente Dilma Rousseff por ser um “lutador da democracia e defensor do governo”. O ministro disse ter falado com Lula, informou que ele deve viajar ao exterior na semana que vem, mas, ao retornar, se reunirá com presidentes das centrais e militantes.
Após ser informada ontem da abertura do pedido de impeachment, Dilma recebeu uma ligação do ex-presidente. Lula disse que o governo tinha condições de recompor sua base e derrubar o impeachment, reunindo 171 votos no plenário. Nas fileiras do PMDB, porém, muitos estranharam o comportamento de Lula, que lavou as mãos e não enquadrou o PT no episódio de enfrentamento ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Jaques Wagner minimizou as divergências entre membros do PT e disse que o partido não “é de uma nota só”. “Eu acho que isso é para o bem e para o mal, não é samba de uma nota só, não é todo mundo bonequinho de chumbo, temos uma pluralidade e uma diversidade extremamente positiva”.
O ministro afirmou também que a decisão do governo é fazer com que o processo de impeachment contra Dilma caminhe o mais rápido possível, “combinando legalidade com celeridade”. Segundo ele, na reunião da presidente com 23 ministros na tarde desta quinta-feira, 3, foi pedido a todos que “verbalizassem” o ponto de vista contra o impeachment, aliado às ações junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) em busca de lacunas nas legislação. “Entrada na Justiça nada tem a ver com postergação. Nossa decisão é fazer o processo seja mais rápido possível, combinando legalidade com celeridade”, disse o ministro.
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De acordo com o ministro, o processo de impedimento não é exclusivamente político, se lastreia na questão jurídica e, na opinião do governo, não tem nenhum lastro em crime de responsabilidade contra a presidente. “Acreditamos que seguramente teremos uma vitória”, disse.
Indagado sobre as manifestações previstas no Brasil, tanto pró quanto contra o impeachment, Wagner disse acreditar que alguns torcedores “contra Dilma” também se manifestarão contra o processo. “Não se trata só dos torcedores da presidenta Dilma. Queremos juntar os torcedores da institucionalidade e da democracia e vamos fazer um chamamento a todas as entidades que não sejam partidárias”, completou.
Cunha
O ministro voltou a criticar o ato do presidente da Câmara e citou que a decisão só foi tomada após deputados do PT fecharem posição contrária a Cunha no processo enfrentado pelo parlamentar no Conselho de Ética. “Se a moda pega, vai se banalizar o instrumento tão nobre como o impedimento”, afirmou Wagner, garantindo que pedaladas fiscais utilizadas para sustentar o pedido não são crime de responsabilidade. “Não há dolo, não há mácula, há uma crise. Não atingir a meta não configura nem dolo, nem crime de responsabilidade”.
Wagner voltou a falar que a Cunha mentiu ao dizer que o deputado André Moura (PSC-SE) esteve reunido com Dilma e que ela teria proposto a ele o apoio do PT no Conselho de Ética em troca da aprovação da CPMF. “Ele (Moura), a que eu tenho respeito, não vai dizer que esteve com Dilma”, afirmou.
Wagner voltou ainda a externar o alívio do governo com a decisão de Cunha, e afirmou que “agora que a faca foi puxada, as coisas vão começar a ficar mais claras”, disse. “Com democracia não se brinca”, concluiu.
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