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Votação dos deputados no plenário durou cerca de seis horas. | Evaristo Sá/AFP
Votação dos deputados no plenário durou cerca de seis horas.| Foto: Evaristo Sá/AFP

Um raio de sol apareceu na “tempestade perfeita” instalada sobre Brasília desde 2014. A aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados traça uma saída para a maior crise do Brasil pós-redemocratização. É a luz no fim de um túnel de depressão econômica, escândalos de corrupção e instabilidade política – mas que ainda está longe de significar um desfecho tranquilo para esse cenário.

Por 367 votos a favor, 137 contra e 7 abstenções, os deputados decidiram que Dilma será julgada pelo Senado. Nos próximos dias, provavelmente 11 de maio, os senadores definem se recebem o processo. Se houver maioria simples favorável (41 votos), Dilma será afastada por 180 dias ou até a conclusão do julgamento da denúncia de crime de responsabilidade pelas pedaladas fiscais.

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Os 25 votos a mais que os 342 necessários na Câmara trazem alívio ao vice-presidente Michel Temer (PMDB). O staff do peemedebista temia que uma decisão apertada, por menos de dez votos, tirasse legitimidade do processo e pudesse influenciar o Senado. A margem reduz a sensação de vácuo de poder inerente aos próximos dias – com Dilma como presidente de fato, mas sem perspectivas, e Temer como “quase-presidente”, mas ainda sem caneta à mão.

A partir desta segunda-feira, é esperado que Temer comece a mostrar o que está disposto a fazer. Nas últimas declarações sobre um possível futuro governo, reduziu o peso das reformas liberalizantes previstas no documento “Ponte para o futuro” (programa de governo lançado no fim do ano passado) e defendeu a continuidade de programas sociais, como o Bolsa Família. Aliados vice-presidente relatam, contudo, que ele trabalha atualmente mais no campo dos significados políticos que das ações práticas.

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“Teremos no mínimo a renovação da esperança do brasileiro em um país melhor”, diz o deputado paranaense Sérgio Souza (PMDB), que esteve com Temer no Palácio Jaburu neste domingo. Também há a expectativa de ocupação de espaços pelos partidos da oposição. O senador José Serra (PSDB-SP) é dado como nome certo para o Ministério da Saúde e parlamentares do Solidariedade falam como se já tivessem cadeiras na Esplanada. “Não tenho dúvidas de que estaremos na linha de frente”, relata Fernando Francischini (SD), outro assíduo frequentador do Jaburu.

Nesse ambiente, cresce a expectativa de como será a fórmula para fazer mais com menos – uma das principais plataformas de Temer é a redução no número de ministérios, para 20. Outra cobrança será pela continuidade das investigações da operação Lava Jato. Na mesma linha, pelas incômodas alianças com nomes como o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por ter supostamente recebido mais de R$ 5 milhões em propinas de contratos da Petrobras.

Entre peemedebistas históricos, a previsão é que Temer tomará decisões rápidas (e a maioria delas, duras), a partir do momento em que se desvencilhar subir a rampa do Planalto. “Ele sabe que tem pouco tempo para fazer a coisa andar”, diz o deputado Osmar Serraglio (PMDB), que aposta que os verdadeiros planos de Temer serão surpreendentes.

“Temer já disse que vai pegar o pessoal de surpresa, convivendo com a gente no plenário. Tem outra coisa que é meu palpite, mas tem tudo para acontecer: ele sabe que não pode encher o governo de políticos, até para infundir confiança na população de que algumas medidas difíceis precisam ser tomadas”, encerra Serraglio.

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