Se Umuarama, município do noroeste do estado com 100 mil habitantes e 77 mil eleitores, fosse capaz de decidir a eleição para o governo paranaense em 2018, Osmar Dias (PDT) venceria com folgada margem. Se tivesse como principais adversários o senador Roberto Requião (PMDB) e o deputado Ratinho Jr. (PSD), ele faria 37% dos votos, enquanto os dois outros, respectivamente, alcançariam 29% e 15%.
O levantamento foi feito pelo Paraná Pesquisas e é o primeiro de uma série de sondagens regionais que o instituto promete para as próximas semanas. Nesta rodada, foram aferidos diferentes cenários possíveis de disputa. Nos cenários em que os adversários pertencem ao campo liderado pelo governador Beto Richa (PSDB), a vantagem se amplia.
Assim, caso o competidor seja o secretário Ratinho Jr., Osmar o bateria de 50% a 19%. Já se disputar com a vice-governadora Cida Borghetti (PP), o resultado seria de 59% a 10%.
É evidente que os índices apresentados são referentes tão somente a Umuarama e não podem, necessariamente, ser expandidos para outras regiões. Mas chama a atenção o fato de se repetir no Noroeste o alto índice de desaprovação do governo Beto Richa (veja abaixo). É possível que a má performance de Ratinho e Cida reflita a rejeição ao governo.
DNA 1
O procurador federal Diogo Castor de Mattos, membro da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, pôs lenha na fogueira. Em artigo que assinou para a Gazeta do Povo no fim de semana, ele listou os inúmeros casos sobre os quais pesam graves suspeitas de corrupção no Paraná e que, até o momento, parecem se encaminhar para a impunidade. Lembrou operações emblemáticas, como a Quadro Negro, Publicano, Voldemort e outras – sem esquecer do caso da “sogra fantasma”, cujo protagonista, Ezequias Moreira, detentor de foro privilegiado por ter sido nomeado secretário de estado, foi beneficiado pela lentidão da Justiça e seu crime prescreveu.
DNA 2
Diogo Castor é sobrinho do falecido professor Belmiro Castor, ex-secretário do Planejamento no governo José Richa (1983/86). Belmiro passou para história, entre outros bons motivos, por ter tido a coragem de denunciar atos de corrupção em outra secretaria. Pagou com a própria demissão. O DNA se confirma.
Mas não é só a eventual ligação com o grupo Richa que influencia negativamente as tendências do eleitorado quando à escolha. Exemplo é o caso de Requião, que faz forte oposição ao atual governador, mas quando indagados sobre em que “candidato não votariam de jeito nenhum”, 35% apontaram o nome dele. Índice bem maior do que os atribuídos a Cida Borgheti (26%) e Ratinho (25%). A rejeição a Osmar ficou em 14%.
Senado
O Paraná Pesquisas também mediu as tendências do eleitorado de Umuarama – 11.º município mais rico do Paraná – com relação ao Senado. Duas cadeiras estarão em jogo em 2018 e se forem disputadas por Roberto Requião (PMDB), Ratinho Jr. (PSD), Beto Richa (PSDB), Gustavo Fruet (PDT), Gleisi Hoffmann (PT) e Alexandre Kireeff (ex-prefeito de Londrina) os dois primeiros estariam virtualmente eleitos, respectivamente com 39% e 36%. Richa figura em terceiro lugar, com 22%, seguindo-se Fruet com 18% e Gleisi com 17%. Em último, Kireeff, com 11%.
Temer x Richa
O prestígio do presidente Michel Temer (PMDB) também é ruim no Noroeste. Apenas 25% dos eleitores aprovam seu governo, enquanto que 70% o desaprovam.
Situação parecida vive Beto Richa. O índice de aprovação do seu governo é de 33%, contra 63% que o avaliam negativamente. Considerando a margem de erro de 4 pontos porcentuais, a desaprovação de Richa no interior se aproxima à de Curitiba, que chegou a 71,4% no fim do ano passado.
Metodologia
O Paraná Pesquisa realizou o levantamento entre os dias 3 e 6 de abril, abrangendo 602 entrevistas de eleitores aptos e de acordo com a estratificação sócio-econômica do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). A margem de erro é de 4 pontos porcentuais para baixo ou para cima. Índice de confiança, 95%.
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