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A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, negou nesta terça-feira (20) que tinha conhecimento da existência do mensalão antes de o esquema ser denunciado pela imprensa. "Eu não tinha ouvido [falar do mensalão]. Tomei conhecimento pelas notícias da imprensa", disse, durante depoimento prestado nesta terça como testemunha de defesa dos ex-deputados Roberto Jefferson, presidente do PTB, e José Janene (PP). Para ela, o esquema não existiu. "Isso não aconteceu, até porque era impossível fazer isso. Não havia possibilidade. Não houve nem vantagem financeira nem de qualquer outro tipo", disse.

Cotada como possível candidata do PT à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma elogiou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. "Não tenho conhecimento de que Dirceu tenha beneficiado instituições financeiras. Acho o ministro José Dirceu um injustiçado. Tenho por ele um grande respeito", afirmou.

Não tenho conhecimento de que Dirceu tenha beneficiado instituições financeiras. Acho que o ministro José Dirceu um injustiçado. Tenho por ele um grande respeito " Por conta de seu suposto envolvimento com o mensalão, o ex-ministro teve seu mandato de deputado federal cassado e perdeu os direitos políticos por oito anos. Questionada sobre uma suposta influência que Dirceu exercia sobre o PT enquanto ministro, ela disse não ter conhecimento, uma vez que na época ela era ministra de Minas e Energia.

Durante o depoimento prestado no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, sede provisória do governo, Dilma disse que não conheceu o empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do esquema, pelo qual parlamentares supostamente recebiam dinheiro em troca de apoio a projetosdo governo no Congresso.

No começo do depoimento à juíza Pollyana Kelly Martins Alves, da 12ª Vara Federal do Distrito Federal, quando questionada se conhecia Jefferson e Janene, Dilma disse conhecer o presidente do PTB e "conhecer menos" o ex-deputado do PP. Ela negou que Janene, que em 2003 presidia a Comissão de Minas e Energia da Câmara, tenha pedido qualquer vantagem financeira em troca da aprovação do novo marco regulatório do setor de energia elétrica.

Ela disse, no entanto, que projeto foi aprovado pelo Congresso com rapidez. "Não houve pedido de vantagem por parte do deputado José Janene e nem de qualquer outra pessoa", afirmou.

Ao respoder outra pergunta feita pelo advogado Marcelo Leal, que representa Janene, a ministra lembrou que a aprovação do marco regulatório era uma questão importante, porque o Brasil passava por um processo que o levaria a uma "implosão tarifária" e enfrentava "insegurança no fornecimento de energia".

Palocci

Nesta quarta (21), será a vez de o ex-ministro da Fazenda e atual deputado federal Antonio Palocci (PT-SP) depor, também na condição de testemunha de defesa. Lula também será testemunha no caso mensalão. Ele foi incluído a pedido de Jefferson e Janene, e prestará depoimento por escrito em data ainda não definida.

O Ministério Público Federal (MPF) classifica o mensalão como um esquema que se especializou em "desviar dinheiro público e comprar apoio político", com o objetivo de "garantir a continuidade do projeto de poder" do PT. O MPF foi o órgão responsável por denunciar o esquema –a denúncia foi aceita em agosto de 2007 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que abriu uma ação penal para julgar o caso.

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