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Os ex-presidentes Lula e Hugo Chávez, da Venezuela, nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco: influência da Odebrecht. | Evaristo Sa/ AFP
Os ex-presidentes Lula e Hugo Chávez, da Venezuela, nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco: influência da Odebrecht.| Foto: Evaristo Sa/ AFP

E-mails obtidos pelos investigadores da Operação Lava Jato indicam que executivos da empreiteira Odebrecht tiveram acesso a informações confidenciais da Petrobras e influenciaram decisão da estatal de petróleo, segundo relatório da Polícia Federal detalhado pelo jornal O Globo na edição desta sexta-feira (10).

Carta

Preso há 20 dias, o presidente da construtora Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, entregou na quinta-feira (9) a uma filha e aos advogados que o visitaram na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, uma carta de estímulo aos empregados. A Andrade Gutierrez é investigada pela Lava Jato. O texto foi escrito de próprio punho. Ao redigir a mensagem, o objetivo do empresário era manter o ânimo de seus colaboradores, apesar da acusação de participação de cartel, fraude em licitações e pagamento de propinas por parte da empresa dirigida por ele.

Lula teria pedido helicóptero emprestado

Relatório de análise de mídia apreendida pela Operação Lava Jato na sede da construtora Camargo Corrêa destaca e-mail de um executivo que cita suposto pedido do chefe do cerimonial do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para providenciar helicóptero a um grupo de seis convidados do petista para uma visita à Usina Hidrelétrica Jirau, em Rondônia.

A correspondência, de 9 de março de 2009, foi enviada por Antonio Carlos Portugal a outros seis executivos da Camargo Corrêa.

No início de junho, a Polícia Federal juntou aos autos da investigação laudo pericial que indica pagamento da empreiteira no valor de R$ 3 milhões para o Instituto Lula e mais R$ 1,5 milhão para a LILS Palestras Eventos e Publicidade, de Lula, entre os anos de 2011 e 2013.

O Instituto Lula informou que o então presidente foi transportado no helicóptero da Presidência e fez um sobrevoo das obras (de Jirau).

Segundo a análise da Polícia Federal, e-mail escrito em junho de 2007 pelo então executivo da Odebrecht Rogério Araújo para outros diretores da companhia mostra que ele obteve o valor do orçamento da obra de terraplenagem da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que era sigiloso à época da licitação da Petrobras.

Na mensagem, Araújo afirma: “o orçamento interno do cliente está na faixa de 150 a 180 M Reais [milhões de reais], o que obviamente não dá”.

Mudança de preço

Araújo relata ainda que falou com “interlocutores” para apontar que o preço de mercado para esse tipo de obra era de o dobro do previsto pela estatal, e que “Engenharia” estaria trabalhando na revisão do orçamento.

De acordo com a Polícia Federal, a meta de Araújo foi alcançada, pois o contrato de terraplenagem da refinaria foi fechado pelo montante de R$ 429 milhões com um consórcio integrado pela Odebrecht.

O e-mail foi usado pela PF como um dos fundamentos para pedir à Justiça as prisões de executivos da Odebrecht na 15ª fase da Operação Lava Jato, que foi efetivada no último dia 19.

Outro lado

Em nota, a Odebrecht diz lamentar “que e-mails em poder da Polícia Federal desde novembro venham a público fora de contexto, prejudicando o exercício do contraditório”.

A companhia afirma que mantém relações com a Petrobras há muitos anos, como fornecedora, cliente e sócia, e “este relacionamento, como todos os demais da Odebrecht, ocorre rigorosamente dentro da lei, com ética e transparência”.

“Todos os contratos de prestação de serviços conquistados com a Petrobras ocorreram de acordo com a legislação aplicável”, completa a nota.

Justiça mantém decisão contra habeas corpus de Dirceu

O Tribunal Regional Federal em Porto Alegre negou, nesta sexta-feira (10), o pedido de reconsideração do ex-ministro José Dirceu para obter um habeas corpus preventivo e evitar que ele seja preso na Operação Lava Jato.

O juiz federal Nivaldo Brunoni admitiu, porém, que a defesa faça um recurso ao tribunal, chamado de agravo regimental. O pedido, assim, será julgado por um colegiado de desembargadores, integrantes do TRF, que ainda podem alterar a decisão original. Não há data prevista para este julgamento.

Os advogados do petista pretendem afastar o “suposto constrangimento ilegal” de uma prisão preventiva de Dirceu na Operação Lava Jato, que investiga o pagamento de propina em obras da Petrobras.

Segundo eles, notícias da imprensa apontam que há risco iminente de que Dirceu seja detido. O petista vem sendo investigado há alguns meses. Mais recentemente, o lobista Milton Pascowitch, delator da Lava Jato, relatou que intermediou o pagamento de propina ao PT e ao ex-ministro.

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