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Bibinho teria convencido os parentes a ceder documentos pessoais para serem contratados como funcionários | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Bibinho teria convencido os parentes a ceder documentos pessoais para serem contratados como funcionários| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Com a contratação de uma família com 16 funcionários fantasmas a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) perdeu R$ 24 milhões. Essa é a constatação do Ministério Público, que concluiu uma investigação surgida a partir da série Diários Secretos, reportagens publicadas pela Gazeta do Povo e pela RPC TV em 2010. As informações constam na denúncia apresentada à Justiça no final de junho, acusando os ex-diretores da Alep Abib Miguel, conhecido como Bibinho, José Ary Nassif e Claudio Marques da Silva de cometerem os crimes de desvio de dinheiro público e formação de quadrilha.

16 parentes

Lista de familiares de Douglas Bastos Pequeno, que foram empregados na Assembleia

Maria Advair Pinto Gomes de Campos (ex-mulher de Douglas)

Josiane Bastos Pequeno (filha de Douglas)

Viviane Bastos Pequeno (filha de Douglas)

Luciano Galo (companheiro da filha de Douglas)

Nadir Thibes (ex-cunhada de Douglas)

Ivanir Terezinha Thibes Vieira (ex-cunhada de Douglas)

Nerci da Luz Thibes Scheleder (ex-cunhada de Douglas)

Derci Aparecida Schmidt (ex-cunhada de Douglas)

Mariles Prevedello (ex-mulher de Douglas)

Lorete Prevedello Pequeno Cury (filha de Douglas)

Gina Prevedello Pequeno (filha de Douglas)

Karina Cury (filha de Lorete, neta de Douglas)

Thiago Cury (filho de Lorete, neto de Douglas)

Felipe Cury (filho de Lorete, neto de Douglas)

Erick Salles (filho de Gina, neto de Douglas)

Luana Salles (filha de Gina, neta de Douglas)

A família investigada é do ex-contador de Bibinho, Douglas Bastos Pequeno. Ele teria convencido os parentes a ceder documentos pessoais para serem contratados como funcionários – contudo, não ficariam com o dinheiro, mas teriam alguns benefícios, como plano de saúde. Duas ex-mulheres, quatro filhas, um genro, quatro ex-cunhadas e cinco netos, totalizando 16 parentes do ex-contador chegaram a constar como servidores da Assembleia. A série de reportagens mostrou que alguns teriam “recebido” salários superiores a R$ 20 mil. Douglas Bastos Pequeno concordou em colaborar com as investigações e prestou depoimentos contando aos promotores como os desvios eram feitos. Ele morreu de problemas cardíacos em dezembro de 2014.

A denúncia do MP também relaciona a advogada Andrezza Maria Beltoni Caetano, acusada de induzir os clientes a mentir em depoimentos, inventando funções e atividades que teriam desempenhado. Ela tem registro ativo na Ordem dos Advogados do Brasil, mas já esteve ameaçada de ter suspenso o direito de advogar, diante de acusações de estelionato.

“Fui para cadeia e não entreguei ninguém”, diz Bibinho em gravação

A fala consta de uma das gravações telefônicas que motivaram a prisão do ex-diretor da Assembleia Legislativa

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Bibinho – que está preso desde novembro, quando foi flagrado no aeroporto de Brasília recebendo R$ 70 mil em espécie – é réu em mais de uma dezena de ações criminais e cíveis em função de acusações relacionadas ao escândalo. No mês passado, os promotores relacionaram mais de R$ 200 milhões em patrimônio que estariam no nome dele, de parentes e de supostos “laranjas”. O ex-diretor-geral da Assembleia é acusado de comandar um esquema de funcionários fantasmas que teria desviado, no mínimo, R$ 216 milhões. No caso da família Bastos Pequeno, a investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apontou a prática repetida – 1290 vezes – de crimes. Foi o número de salários pagos indevidamente. Alguns dos parentes do ex-contador “trabalharam” por mais de uma década.

O Ministério Público decidiu processar apenas parte da família Bastos Pequeno – vários integrantes colaboraram com as investigações e não mentiram em depoimentos. Apenas Mariles Prevedello, Gina Prevedello Pequeno e Erick Salles viraram réus na ação judicial. Se aceito pela Justiça, o processo irá correr na 8ª Vara Criminal de Curitiba. A contratação de outros dois núcleos familiares – dos aliados de Bibinho, Daor Afonso Marins de Oliveira e João Leal de Matos – já viraram ações criminais e tramitam na Justiça.

Outro lado

O advogado Eurolino Reis, que defende Bibinho, disse que tomou conhecimento da ação nesta terça-feira (7) e que ainda está se informando sobre o conteúdo. Ele reitera que o cliente nega as acusações. Alega também que o caso estaria prescrito. A reportagem da Gazeta do Povo está tentando localizar os advogados da família Bastos Pequeno. A advogada Andrezza Maria Beltoni Caetano disse que está surpresa por saber do processo. Contou que advogou para três membros da família apenas no início da investigação e nega que tenha instruído qualquer testemunha a mentir. “Se estou sendo acusada disso estão sendo feridas bruscamente as prerrogativas dos advogados”, disse.

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