Sem trabalho
Deputados e Senadores têm 55 dias de recesso oficial
Descontados os recessos brancos, quando deputados federais e senadores entram em acordo para não realizarem sessões deliberativas, os parlamentares têm 55 dias de recesso formal por ano. O período se divide entre os dias 23 de dezembro e 1º de fevereiro e entre 18 e 31 de julho. Nessas épocas, não há votações em plenário nem reuniões nas comissões permanentes a maioria dos congressistas diz que usa o tempo para visitar as "bases".
Os salários e benefícios (como a cota mensal de atividade parlamentar), no entanto, permanecem iguais. Até janeiro de 2006, o recesso era de 90 dias, quando a aprovação de uma proposta de emenda à Constituição provocou a redução. A duração atual do recesso no Poder Legislativo é menor do que nos tribunais superiores de Justiça (73 dias por ano), mas maior do que nas instituições de ensino básico, médio e superior (não há aulas, em média, em 46 dias por ano). (AG)
Alep transforma sessão em comissão-geral para adiantar votações
Na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o clima de festa junina e a oportunidade de emendar o feriado de Corpus Christi, na próxima quinta-feira, também parece ter contagiado os deputados estaduais. Ontem, o presidente Casa, Valdir Rossoni (PSDB), anunciou um acordo entre os líderes das bancadas para antecipar a sessão da quarta-feira para o período da manhã, com início previsto para as 9 horas. Pelo regimento da Assembleia, as sessões ocorrem normalmente à tarde, a partir das 14h30. Com a antecipação da sessão, os deputados estarão livres, a partir do horário do almoço, para viajarem para suas "bases eleitorais".
A combinação do feriado de Corpus Christi (quinta-feira) com o Dia de São João (sexta-feira) esvazia a agenda legislativa desta semana em Brasília. Na Câmara dos Deputados, o término da votação da polêmica Medida Provisória (MP) 527/2011, que trata de licitações de obras para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, foi adiado para a próxima semana. Já o Senado tem a pauta trancada pela MP 526/ 2011, que aumenta o volume de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e não vai realizar votações em plenário.
"O período das festas juninas é importante para o calendário político do Nordeste. Eles costumam faltar mesmo, sempre foi assim", diz o vice-líder do governo na Câmara, o paranaense Alex Canziani (PTB). Desde a semana passada o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), já previa problemas de quórum. "Acho que a tendência é que tenhamos muita dificuldade de realizar sessões plenárias", afirmou o petista.
A tradição de esvaziamento do Congresso Nacional no final de junho vem se intensificando nos últimos anos. Em 2008, o então presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), decretou uma semana inteira de "recesso branco", que paralisou também os trabalhos das comissões. Na época, ele disse que a paralisação respeitava uma das maiores "manifestações populares" do país.
Para se precaver das críticas, Marco Maia agendou duas sessões extraordinárias para tentar votar pelo menos três propostas de consenso entre os líderes partidários. Os projetos tratam da consolidação das leis nas áreas de Assistência Social, Previdência e Saúde. Os textos seguem os moldes da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
A montagem da pauta dá mais prazo de negociação para a votação da MP 527. O texto-base da medida, que cria o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) para as obras da Copa e da Olimpíada, foi aprovado na semana passada, mas ainda é necessário apreciar destaques à redação apresentados pela oposição. O principal ponto de discordância é uma mudança de última hora que permite ao governo manter em sigilo o orçamento destinado a esses empreendimentos.
Ontem, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), declarou que a emenda que inclui a possibilidade de sigilo deve ser derrubada quando a MP 527 começar a tramitar na Casa. "Não sei por que foi incluído esse sigilo. Não vejo nenhuma diferença entre obras de Copa e outras obras públicas", disse Sarney.
Para o líder do PSDB no Senado, o paranaense Alvaro Dias, as votações em plenário estão mais prejudicadas pelo excesso de MPs (que têm prioridade em relação às outras proposições e por isso trancam a pauta) do que pelos feriados. Em um balanço do semestre, o tucano reconhece que a produtividade das votações em plenário foi baixa, mas enaltece o debate político. "Tivemos discussões importantíssimas, como a do aumento do salário mínimo. Mesmo em minoria, também conseguimos [a oposição] derrubar três MPs."
O cientista político da Universidade de Brasília Antonio Flávio Testa concorda com a análise otimista feita por Alvaro Dias. "Comparado com outros anos, quando Câmara e Senado perderam muito tempo com escândalos internos, 2011 tem sido um ano positivo para o Congresso", diz Testa. Segundo ele, porém, os temas mais quentes serão reservados ao começo do segundo semestre. "Será o momento chave para o encaminhamento das reformas administrativa e política", prevê.
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