O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a empresa JBS iniciaram uma ofensiva jurídica e midiática para rebater boatos que acusam o filho de Lula, Fábio Luis Lula da Silva, de ser sócio oculto da empresa, maior empresa de proteína animal do mundo e dona da marca Friboi. A mudança de postura em relação às insinuações, que circulam há mais de cinco anos, ocorreu depois de um encontro de Lula com Joesley Batista, dono da empresa, no instituto que leva o nome do ex-presidente, no ano passado. O filho do ex-presidente apresentou neste ano três interpelações judiciais contra políticos que o acusaram de ser milionário ou dono de empresas do ramo de agronegócio ou da JBS.
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Leia a matéria completaNo encontro com Joesley Batista, Lula chegou a atribuir a origem da boataria ao próprio Joesley, em parte em tom de brincadeira, em parte sugerindo que poderia ser uma estratégia de promoção da marca. Os dois concordaram que era necessária uma mudança de posição e que não seria mais possível seguir ignorando o boato.
A JBS, por sua vez, iniciou uma campanha em redes sociais e em sites de busca, onde disseminam um vídeo de pouco mais de cinco minutos intitulado “uma pequena parte da verdadeira história da JBS, contada pelo seu fundador”. Trata-se de uma entrevista com Zé Mineiro, pai de Joesley e fundador da empresa há mais de 50 anos em Anápolis (GO). Dois meses depois da primeira exibição, o vídeo alcançou a marca de 12,9 milhões de visualizações, no Facebook e no Youtube.
Quando um internauta coloca o simples termo “presidente Lula” no sistema de buscas do Google, o primeiro primeiro resultado que aparece é um link patrocinado com o título “A verdade sobre a JBS”, direcionado para o vídeo com Zé Mineiro. O mesmo ocorre na busca por termos como “Lula Friboi” e “fazenda Lula”. Uma equipe contratada pela empresa passou a responder a cada comentário veiculado nas redes mencionando o boato. Os irmãos Batista, Joesley e Wesley, resolveram dar entrevistas onde rebatem a tese. Pesquisas da empresa apontaram que a situação ficou pior principalmente depois da veiculação de campanhas da Friboi com o cantor Roberto Carlos e o ator Tony Ramos.
A origem das insinuações está na participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa como sócias do grupo JBS, dentro de política industrial, iniciada durante o governo petista de alavancar empresas multinacionais de origem brasileira. Atualmente, Caixa e BNDES detém 34,6% da firma. Concorrentes criticam a concentração de recursos públicos em uma única empresa. De acordo com os relatórios apresentados pela JBS à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os filhos de Lula não são sócios da empresa.
Nesta segunda-feira, o Instituto Lula divulgou texto informando que Fábio Luis da Silva apresentou interpelação judicial contra o prefeito de São Carlos (SP), Paulo Altomani (PSDB), por postar em seu Facebook que não considera justo “o Tesouro Nacional tirar dinheiro de nossa cidade para repassar ao BNDES para financiar por exemplo a empresa Frioboi, que pertence ao Lulinha”. Na interpelação, os advogados do filho de Lula dizem que ele nunca foi “sócio ou manteve qualquer relação profissional” com “negócios relacionados à agropecuária, agroindústria, também não é, nem nunca foi, proprietário de frigoríficos, fazendas ou propriedades rurais”. Ontem, Altomani informou que não comentaria a interpelação.
Em meados de março, interpelação semelhante foi apresentada contra o deputado federal Domingos Sávio (PSDB-MG), um dos principais aliados do ex-candidato a presidente e senador Aécio Neves (PSDB-MG). O deputado afirmou em entrevista a uma rádio que Lulinha era “um dos homens mais ricos do Brasil, comprando fazenda de milhares e milhares de hectares toda semana”. O parlamentar também disse que a “riqueza” do filho do ex-presidente seria “fruto da roubalheira que virou este país” e pediu que ele fosse investigado.
Ao GLOBO, o deputado disse não se arrepender das afirmações:
- Continuo entendendo que é fundamental uma investigação da Polícia Federal sobre o real patrimônio e os reais negócios do Lulinha. Isso (a interpelação) não vai me intimidar. Coloco à disposição o meus sigilos bancário, fiscal e patrimonial, e de meus filhos e esposa, para que se saiba tudo sobre minha vida. Lulinha faria o mesmo? Deveria, para esclarecer logo essas questões - ataca o deputado.
No início do ano, Lulinha chegou a interpelar judicialmente o ex-candidato à Presidência da República Eduardo Jorge (PV) por causa de um tuíte atribuído a ele, que já foi deputado pelo PT, mencionando o “frigorífico do filho do Lula”. No entanto, a mensagem foi publicada por meio de um perfil falso do deputado, que em sua conta oficial disse ter se queixado com o Twitter contra “perfis fakes que difamam” e o “prejudicam”.
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