Outro lado
Advogado diz que Almeida César é inocente
A reportagem da Gazeta do Povo procurou o futuro secretário da Segurança Pública do Paraná, Reinaldo de Almeida César Sobrinho, durante toda a tarde de ontem para comentar a denúncia, mas o celular estava desligado e ele não retornou às ligações. O advogado dele, Ítalo Tanaka, que trabalha na procuradoria do município de Curitiba, disse por telefone que tem absoluta certeza de que o cliente vai ser inocentado da acusação de desvio de recursos públicos. "Ele já foi inocentado na área cível e será novamente no penal, já que ele não praticou nenhuma irregularidade", diz Tanaka.
O processo cível citado pelo advogado é a ação de improbidade administrativa feita pela Promotoria de Patrimônio Público de Ponta Grossa contra os réus. Em julho deste ano, a ação foi julgada improcedente pelo juiz da 3ª Vara Cível de Ponta Grossa, Guilherme Frederico Hernadez Denz. O magistrado justificou a decisão afirmando a "inexistência de má-fé" por parte dos réus.
O deputado estadual Jocelito Canto disse por telefone que vai aguardar o resultado do julgamento de hoje e que fez apenas o que os prefeitos que o antecederam fizeram ou seja, também pagaram verbas indenizatórias para funcionários contratados para cargos em comissão. "Era praxe. A prefeitura [de Ponta Grossa] sempre pagou e eu apenas segui o que já vinha sendo feito. Não houve dolo. Não cometi erro algum. Julgar isso é perda de tempo", afirmou o parlamentar.
A Gazeta do Povo procurou o futuro governador Beto Richa para também comentar o caso. Mas a assessoria do tucano informou que a agenda dele está bloqueada, que ele não está concedendo entrevistas, nem por telefone, e que está concentrado unicamente na definição do secretariado. Sobre a elaboração da Lei da Ficha Limpa, pedido de Richa ao futuro procurador-geral do estado, Ivan Bonilha, a assessoria de imprensa do tucano informou que apenas Bonilha tem informações sobre o assunto e que ele está em viagem internacional com a família.
Ivovnaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Jocelito Canto: pagamento a comissionados era "praxe"
O homem escolhido pelo futuro governador Beto Richa (PSDB) para cuidar da segurança pública do Paraná responde na Justiça pelo crime de desvio de dinheiro público. O delegado federal Reinaldo de Almeida César Sobrinho vai assumir a Secretaria da Segurança Pública do Paraná a partir de 1.º de janeiro com um orçamento previsto de quase R$ 2 bilhões. César Sobrinho foi denunciado em 2005 pelo Ministério Público juntamente com o deputado estadual Jocelito Canto (PTB) e outras 59 pessoas todas acusadas de desviar recursos públicos. O julgamento do parlamentar está marcado para hoje no Tribunal de Justiça.
A Gazeta do Povo teve acesso ao processo. A denúncia é de 4 de outubro de 2005 e assinada pelo promotor de Justiça Armando Antônio Sobreiro Neto e pelo ex-procurador-geral de Justiça Milton Riquelme de Macedo. A denúncia foi aceita em 3 de agosto de 2007 por unanimidade pelos desembargadores do Órgão Especial do Tribunal de Justiça.
O MP denunciou Jocelito Canto por irregularidades cometidas na época em que ele era prefeito de Ponta Grossa, entre janeiro de 1997 e 31 de dezembro de 2000. A denúncia relata que Jocelito Canto, enquanto prefeito, autorizou pagamentos irregulares de verbas indenizatórias a funcionários comissionados (sem a necessidade de concurso público) da prefeitura entre os beneficiários está César Sobrinho. "Nas rescisões, por determinação do ex-prefeito municipal, aos servidores comissionados foram pagas verbas rescisórias indevidas, precisamente no que concerne ao aviso prévio indenizado (inclusive com reflexos nas férias proporcionais e 13.º salários) e mais, multa de 40% sobre o quantum (quantidade) do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço", relata um trecho da denúncia.
O pagamento indevido das verbas indenizatórias provocou, segundo a denúncia do MP, o desvio de R$ 135,6 mil (valor corrigido em junho de 2005 que deve ser novamente reajustado em caso de condenação). Ainda de acordo com o MP, os demais réus desta ação, César Sobrinho e outras 59 pessoas, receberam conscientemente as verbas rescisórias "sabidamente indevidas" e "concorreram materialmente para o desvio de verbas públicas, em proveito próprio, já que a percepção se deu em razão do cargo que exerciam", diz um outro trecho do documento.
César Sobrinho foi o secretário de Administração e Negócios Jurídicos da prefeitura de Ponta Grossa, sendo exonerado em 15 de agosto de 1997. O relatório da auditoria feita pelo MP, que consta na denúncia, mostra que ele recebeu irregularmente R$ 4.218,67 em maio de 1998 a título de verba indenizatória o valor já reajustado chega a R$ 8.404,82.
Absolvição
Apesar do teor da denúncia e do julgamento do deputado estadual marcado para a manhã de hoje, os 61 réus podem ser absolvidos. Isso porque o MP opinou no processo pela absolvição de Jocelito Canto no processo que tramita no TJ por causa do foro privilegiado do deputado. No relatório de 10 de setembro de 2010, o subprocurador-geral de Justiça Lineu Walter Kichner e o promotor de Justiça Fábio Guaragni, que assinam o documento, reconhecem que os pagamentos são ilícitos, mas argumentam que não há provas de que o então prefeito Jocelito Canto tinha consciência que desviava dinheiro e que ele apenas seguiu o padrão de pagamentos que advinha das gestões anteriores. Em depoimento, o parlamentar afirmou que "o município pagava as verbas apontadas na denúncia como irregulares desde a gestão anterior", o que foi corroborado por outros servidores municipais.
A decisão, se favorável ao parlamentar, pode ser referência para o julgamento do processo contra os demais réus pelo juízo de 1.º grau em Ponta Grossa. O entendimento pela absolvição, no entanto, não é o mesmo do promotor que assinou a denúncia. Armando Sobreiro sustenta que os 60 servidores comissionados poderiam ser demitidos a qualquer momento sem qualquer tipo de pagamento de indenização pelos cofres do município. "Eu respeito o entendimento do meu colega, mas não é o meu pensamento. O prefeito [Jocelito Canto na época] era o ordenador das despesas e autorizou o pagamento das verbas indenizatórias sem qualquer previsão e fundamento legal", disse. "No meu entendimento jurídico há sim a caracterização de crime de desvio de dinheiro público. Se não houvesse crime, em tese, o tribunal [TJ] não teria recebido a denúncia", completa, citando que a palavra final caberá ao TJ no processo contra Jocelito Canto.
Ficha Limpa
Ironicamente, a divulgação do nome de Reinaldo de Almeida César Sobrinho para a Secretaria da Segurança Pública do Paraná, foi feita no mesmo dia (7 de dezembro) em que Beto Richa pediu ao futuro procurador-geral do estado, Ivan Bonilha, a elaboração "de um projeto de lei que impede a nomeação, em cargos públicos do estado do Paraná, de pessoas condenadas por crimes contra a administração pública". A proposta, dizia a nota encaminhada pela assessoria de Richa, "deve ser uma das primeiras a ser encaminhada aos deputados estaduais, a partir de 15 de fevereiro de 2011, quando começa o próximo período legislativo". Ou seja, se César Sobrinho for condenado e os deputados aprovarem esta lei, Richa pode ter de exonerar o secretário de Segurança.
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