
A possível renovação antecipada dos contratos de pedágio gerou uma guerra de versões entre as principais entidades do setor produtivo paranaense e membros do primeiro escalão do governo estadual. O G7, fórum que reúne as principais entidades representativas do empresariado, rachou. Numa versão, a discussão começou a pedido dos secretários Eduardo Sciarra (Casa Civil) e Silvio Barros (Planejamento). Noutra, a agenda partiu da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).
A discórdia gira em torno de uma reunião do G7 realizada em 16 de março na sede da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). O encontro tinha apenas uma pauta: o aumento de ICMS previsto no pacote de ajuste fiscal do governo Beto Richa (PSDB). Durante a conversa, no entanto, a agenda migrou para a renovação do convênio de delegação de 1,8 mil quilômetros de rodovias federais, primeiro passo para a prorrogação dos contratos de pedágio, que acabam em novembro de 2021.
“Quem introduziu a questão foram os secretários”, diz o presidente da Fiep e coordenador do G7, Edson Luiz Campagnolo. “Como não havia consenso, o G7 decidiu posteriormente que não entraria na questão e cada entidade agiu como achou melhor.”
Do outro lado, o presidente da Faep, Ágide Meneguette, disse que foi ele quem levantou o assunto. “A pauta era mesmo o ICMS. Mas depois que o assunto terminou, levantei o braço e perguntei: e o pedágio, como e quando vamos tratar dessa situação?” A versão de Meneguette é a mesma de Sciarra. “Foi o Ágide quem falou. O que nós fizemos foi acompanhar uma demanda das entidades”, disse.
A reportagem entrou em contato com os demais cinco dirigentes das entidades do G7. Apenas o presidente da Federação de Transportes do Paraná (Fetranspar), Sérgio Malucelli, tomou partido. “Não foi o governo que iniciou essa conversa, fomos nós. Quem está dizendo o contrário, está enganado”, declarou.
Formalmente, somente a Fiep e o Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) são contra a antecipação da renovação dos contratos. Ambas as entidades entendem que é melhor esperar pelo fim dos acordos vigentes e então fazer uma nova licitação. Todas as demais assinaram uma carta encaminhada ao Ministério dos Transportes no dia 1.º de julho solicitando a renovação do convênio de delegação.
Apesar do alinhamento com a Fiep, o presidente da Ocepar, João Paulo Koslowski, não quis comentar como foi a reunião de 16 de março. “Ontem mesmo chegamos a um consenso de que o único que fala sobre reunião do G7 é o coordenador [Campagnolo], que é quem tem as atas das reuniões. Não sou eu quem vai jogar mais lenha na fogueira”, disse Koslowski.
O silêncio também foi a opção do presidente da Associação Comercial do Paraná, Antonio Espolador Neto. Procurado, o presidente da Federação do Comércio do Paraná, Darci Piana, não retornou as ligações. Já o presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Guido Bresolin Júnior, disse não se lembrar de quem trouxe a discussão para o G7. “Não importa quem é o pai da criança”, afirmou.



