A proposta de redução do número de ministérios encurralou a presidente Dilma Rousseff por três lados. O maior “aliado” (PMDB), a oposição e manifestantes que se organizam para mais um protesto contra o governo no dia 12 de abril assumiram a bandeira. O tema é alvo de estudos no Palácio do Planalto desde o primeiro mandato, mas nunca foi adiante.
Até agora, Dilma tem insistido na tese de que o “status” de ministério confere visibilidade a alguns setores do governo considerados menos nobres (como Pesca, Direitos Humanos e Igualdade Racial). Além disso, na prática, a redução da Esplanada limitaria o poder de barganha do loteamento partidário na costura de alianças com o Congresso.
“A principal resposta que Dilma pode dar às ruas é enxugar o ministério e nomear gente competente, não esses ministros indicados por partidos que aí estão”, defendeu o líder da oposição no Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR), um dia após as manifestações de 15 de março. Logo depois, deputados federais peemedebistas lançaram a ideia de aprovar uma proposta de emenda à Constituição para limitar a 20 o número de ministérios (atualmente está em 39).
Gabinete com mais de 20 pastas é ineficiente
Três físicos da Universidade Médica de Viena desenvolveram em 2007 um estudo sobre o tamanho do primeiro escalão de 197 países e como a quantidade de ministros atrapalhava a eficiência das decisões de cada governo. O resultado do trabalho, publicado pela Universidade de Cornell (Estados Unidos), cita que decisões tomadas por gabinetes com muito mai
Leia a matéria completaNo dia 30, o vice-presidente Michel Temer declarou que o PMDB estaria disposto a entregar as seis pastas que comanda para colaborar com o corte. Segundo ele, a presidente está “muito sensibilizada com os pleitos” e a mudança está em cogitação no Palácio do Planalto.
Ex-ministra da Casa Civil, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirma que a discussão já foi tratada ao longo do primeiro mandato de Dilma. Gleisi diz que a consultoria McKinsey chegou a abordar o tema em estudo encomendado pela Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade da Presidência da República.
A petista diz que qualquer redução é complexa. “Simplesmente cortar ministério não reduz custo para o governo. É preciso tratar essa questão com um olhar diferenciado, pensar na qualidade das fusões de alguma pasta. A questão central deve ser a melhoria da eficiência.”
O secretário-geral da associação Contas Abertas, Gil Castello Branco, concorda que a redução dos custos com a medida pode até não ser tão significativa, mas ressalta que o tamanho do ministério brasileiro é uma “aberração”. “É até uma piada de mau gosto pedir a um brasileiro que cite o nome de dez ministros. Aliás, não dá nem para exigir da presidente que saiba o nome de todos eles.”
Para Castello Branco, a comprovação da ineficiência do modelo com 39 pastas estaria justamente na ideia da visibilidade. “Se fosse assim, teríamos 100 ministérios. O fato é que um ministro precisa ter poder de participar das decisões, não ser meramente decorativo.”
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o empresário Rogério Chequer, porta-voz do Movimento Vem Pra Rua, disse no mês passado que a redução dos ministérios seria a reivindicação número um das manifestações convocadas para o dia 12 de abril. “Ninguém aguenta mais o tamanho da burocracia do Estado e a quantidade de tributos que somos obrigados a pagar para manter esses ministérios que não são necessários para tocar a República”, declarou. A proposta, no entanto, foi substituída no topo das prioridades pelo “Fora Dilma”.
Médicos afirmam que Lula não terá sequelas após mais uma emergência de saúde em seu 3º mandato
Saúde de Lula ameaça estabilidade do Governo em momento crítico; acompanhe o Sem Rodeios
Mudanças feitas no Senado elevam “maior imposto do mundo” para 28,1%
Congresso dobra aposta contra o STF e reserva R$ 60 bi para emendas em 2025
Deixe sua opinião