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A defesa de Abi tentou suspender a audiência, alegando que várias testemunhas ainda não foram ouvidas. O pedido foi indeferido. | Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
A defesa de Abi tentou suspender a audiência, alegando que várias testemunhas ainda não foram ouvidas. O pedido foi indeferido.| Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

O empresário Luiz Abi Antoun, primo distante do governador Beto Richa (PSDB), e o mecânico Ismar Ieger prestaram na segunda-feira (23) depoimento na ação penal da Operação Voldemort, que investigou fraude na contratação da Oficina Providence, vencedora de uma licitação para consertar os veículos do governo do Paraná na região de Londrina. Ieger, dono oficial da oficina, negou que Abi seja o verdadeiro proprietário da mecânica, como acusa o Ministério Público (MP). E Abi confirmou essa versão.

Ieger negou ainda ter fraudado a licitação, disse que já foi “condenado” pela imprensa e reclamou do MP. “Você vê umas mentiras que falam na mídia. Fui condenado por acusações mentirosas.”

Ele disse que começou a oficina com o capital próprio e conseguiu trazer clientes de mecânicas nas quais havia trabalhado antes. No entanto, como não tinha dinheiro suficiente para comprar alguns equipamentos de trabalho, como elevadores usados para o conserto de veículos, resolveu pedir ajuda a Abi. Já o empresário afirmou que ajudou Ieger logo que a oficina foi instalada, pois tinha interesse em receber o aluguel pelo barracão onde funciona a Providence, que é de sua propriedade. As ferramentas, disse Abi, também foram alugadas.

Abi afirmou que Ieger o procurou e pediu se ele poderia “ajudar no início com os ferramentais, tipo elevador”. E completou: “Falei: ‘Olha posso ajudar’”. O empresário negou, porém, que participasse da administração da oficina. “Quando começou a funcionar a oficina, teve essa ajuda financeira na parte dos ferramentais.”

Sobre as câmeras instaladas na oficina, cujas imagens podiam ser acessadas por Abi – um dos argumentos usados pelo MP para sustentar a tese de que Abi controlava o estabelecimento –, o empresário disse que todos os seus imóveis têm monitoramento por imagens e atribuiu a vigilância na oficina aos atrasos no pagamento dos aluguéis. “Logo que ele começou a atrasar o pagamento do aluguel, achei que era uma forma de ver o fluxo da oficina.”

Abi disse que não faz sentido “em 2013 montar uma empresa para fraudar um contrato de um governo em 2014 com eleição em andamento não sabia quem ia ganhar”. “Outra coisa que não cruza são os valores. O valor dessa licitação seria R$ 1,5 milhão em 6 meses. As pessoas envolvidas são 6 ou 7. Envolveram amigos, famílias pra desfrutar de 20% desse valor que seria o lucro dividido por 7. Os cálculos não batem. Daria 5 mil por mês. Eu sou empresário, eu sei fazer cálculo”, afirmou.

Abi também disse que, se quisesse, participaria de licitação do governo. “Se eu tivesse que participar de qualquer órgão público ou licitação eu posso, eu não ia pedir para terceiro e não justifica os valores. Usufruir de 30 mil…”, concluiu.

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