O doleiro londrinense Alberto Youssef assinou ontem um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) em troca de benefícios da Justiça. Segundo informações das agências de notícias, Youssef passou o dia na sede do MPF em Curitiba, onde já prestou o primeiro depoimento. O acordo foi assinado um dia após a defesa revelar que o doleiro tinha essa pretensão, mas só será homologado pela Justiça se ficar comprovada a veracidade das informações que ele fornecer nos depoimentos.
O advogado do doleiro, Antônio Figueiredo Basto, no entanto, negou que o acordo tenha sido fechado e que Youssef tenha prestado depoimento. "Posso assegurar que não houve acordo. Alguém está querendo criar um fato", disse. "Esse não é um processo comum, ele envolve inúmeros interesses. O tumulto nesse processo interessa a muita gente", completou. O advogado afirma que, se houver acordo, deve ser firmado apenas na próxima semana.
Também ontem, o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba Sergio Moro, responsável pelo caso da Operação Lava Jato, homologou o primeiro acordo de delação, em favor do réu Luccas Pace Júnior. Ele é acusado da prática de crimes financeiros, de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os detalhes da delação e os benefícios a que o réu teria direito colaborando com as investigações não foram divulgados.
Outras oito pessoas são citadas no processo do qual Pace faz parte, como a doleira Nelma Kodama, a quem ele foi subordinado durante oito anos. Ela é acusada de comandar um esquema de lavagem de dinheiro de mais de US$ 5 milhões no mercado negro de câmbio por meio de empresas fantasmas. Os demais nomes, segundo o MPF, são de pessoas que operavam o esquema.
O advogado dele, Ricardo Rigotti Alice, afirma que o réu deve identificar autores, auxiliar na localização do dinheiro evadido e na elucidação de provas. "Ele faz uma confissão privilegiada, mais detalhada. Ele também se compromete a não ficar em silêncio e responder ao que for perguntado", diz. Rigotti afirma que o teor do acordo é sigiloso, mas que a negociação existe desde julho. O advogado acredita em uma possível absolvição.
Luccas Pace Junior já está em liberdade e, segundo reportagem do jornal O Globo, deve ter como benefícios cumprir a pena em regime aberto e pagar uma multa de valor menor do que as aplicadas em processos desse tipo. O réu só terá acesso a esses benefícios, porém, se a continuidade das investigações comprovar o que ele delatou.
Outros acordos
O próximo acordo a ser homologado deve ser o depoimento em que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa cita nomes de políticos favorecidos com propinas no esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato. Por envolver pessoas com foro privilegiado, a homologação terá de ser avaliada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Braço-direito de Youssef, o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, e Ediel Viana da Silva, que atuava como laranja do doleiro Carlos Habib Chater, apontado pelo MPF como outro comandante do esquema de lavagem de dinheiro, também já teriam firmado acordos de delação premiada com o MPF.
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