• Carregando...
Em situação em que há muco úmido em torno do vírus, o etanol demora a agir como esterilizador, dando uma sobrevida de até quatro minutos para o vírus, tempo suficiente para haver contaminação em caso de contato. Foto: Bigstock.
Em situação em que há muco úmido em torno do vírus, o etanol demora a agir como esterilizador, dando uma sobrevida de até quatro minutos para o vírus, tempo suficiente para haver contaminação em caso de contato. Foto: Bigstock.| Foto:

Lavar as mãos com água e sabão e até apenas com água corrente é mais eficiente que o uso de álcool gel para evitar a contaminação pelos vírus influenza (responsável pela gripe) em alguns casos.

Este é o resultado de uma pesquisa feita pela Universidade de Kyoto, no Japão, divulgado pela revista da Sociedade Americana de Microbiologia.

Os pesquisadores constataram que, em situação em que há muco úmido em torno do vírus, o etanol demora a agir como esterilizador, dando uma sobrevida de até quatro minutos para o vírus, tempo suficiente para haver contaminação em caso de contato.

O segredo da sobrevivência viral está na consistência espessa do muco de pessoas com vírus, descobriram os pesquisadores.

A estrutura espessa de hidrogel da substância impedia o etanol de alcançar e desativar o vírus. “As propriedades físicas do muco protegem o vírus da inativação”, escreveu o médico Ryohei Hirose, que liderou o estudo com Takaaki Nakaya, pesquisadora de doenças infecciosas da mesma escola.

“Até que o muco esteja completamente seco, o agente infeccioso pode permanecer nas mãos e dedos, mesmo após o esfregar antisséptico apropriado”, afirmam.

Para o estudo, os pesquisadores coletaram muco de pacientes infectados, aplicaram nas mãos dos participantes e fizeram a limpeza com álcool gel.

Após a exposição de dois minutos ao álcool gel o vírus influenza A ainda estava ativo, sendo desativado em quatro minutos.

Em situação idêntica, os pesquisadores observaram que o vírus levou apenas 30 segundos para ser desativado com o simples lavar de mão.

O estudo faz um alerta especial aos profissionais de saúde, que, se não desativarem adequadamente o vírus entre os pacientes, poderão promover sua disseminação.

O ex-presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia Jaime Rocha diz que, apesar do ineditismo da pesquisa (aplicar o antisséptico em muco úmido), o estudo não traz grandes novidades.

“É bem sabido que, quando há sujidade (secreção ou qualquer matéria orgânica) nas mãos, a dupla água e sabão costuma ser superior. O álcool não tira essa sujidade, ele serve para esterilizar a mão contra vírus e bactérias”, explica. “Então, para usar o álcool gel, a mão tem que estar, a olho nu, limpa. Se você percebe sua mão suja, você precisa lavá-la com água e sabão”, acrescenta.

Fim do álcool gel?
O médico, no entanto, reconhece a importância do álcool gel, que chegou a ser símbolo do combate à H1N1 no surto da doença no Brasil, em 2009.

“Geralmente, nossas mãos estão limpas a olho nu, já que quando estão sujas, costumamos lavá-las. Mas quem tem o hábito de lavar as mãos a cada contato com olho, boca, mucosa ou secreções? E elas pode estar com vírus e bactérias, que não enxergamos. Não temos acesso a uma pia com água e sabão o tempo todo, se tivéssemos, seria suficiente, mas podemos carregar um potinho de álcool gel conosco”, comenta.

Jaime Rocha orienta que, para o álcool gel funcionar, é preciso aplicar ao menos 1 ml da substância e fazer a fricção das mãos por um minuto, passando por palma, dorso, entre dedos e ponta de dedos.

“A higiene das mãos é muito importante já que as infecções respiratórias, como a influenza, podem ser transmitidas por contato de mãos. Também temos transmissão por gotículas, mas normalmente o que acontece é que, ao tossir, levamos a mão à boca. Então, o contato entre mãos com pessoas diferentes ou com superfícies, como corrimão e maçaneta, faz a transmissão da infecção ser tão elevada”, conclui.

LEIA TAMBÉM

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]