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J.R. Guzzo

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Relatório final

CPI da Covid vai terminar em ruínas

Relator da CPI da Covid, Renan Calheiros, responde a nove processos na Justiça
Relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), responde a nove processos na Justiça acusado de corrupção. (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad)

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Após seis meses de ilegalidades, de abusos e de comportamento em geral infame, durante os quais impôs ao público espetáculos diários de hipocrisia, má-fé e falsificação grosseira da verdade, a "CPI da Covid" se prepara para encerrar um dos piores momentos de toda a história do Senado Federal. É uma história que já não oferece — nunca ofereceu — grande coisa de útil ou edificante para quem paga os seus atores. Agora ficou menor. Desonesta nas intenções, inepta na execução e irracional nas conclusões, a CPI prepara-se para acabar no mesmo clima de incompetência em que começou — seus donos não conseguiram, nem sequer, acertar direito o dia para a leitura do “relatório dos trabalhos”.

A “CPI da Covid” já vai tarde. Em todos os seus meses de atividade, e apesar de todas as agressões que seus gestores cometeram contra o processo legal de investigação existente no país, não conseguiram apurar um único crime de corrupção efetivamente praticado pelo governo federal no combate à Covid — como era a sua promessa central. Não apuraram delito nenhum, na verdade.

Nada do que enfiaram no seu relatório final — uma palhaçada de 1.000 páginas, como se tamanho fosse documento — se sustenta numa vara de justiça de terceira categoria. Por isso mesmo, a farsa gigante que armaram não vai resultar, na vida real, em absolutamente nada. Os proprietários da CPI queriam derrubar o governo com a sua investigação. Não vão conseguir nem mesmo uma vantagem eleitoral decente para o ano que vem.

A CPI que agora se encerra existiu, na prática, por uma única e exclusiva razão: a mídia brasileira se associou de corpo, coração e alma ao relator, ao presidente e aos seus subordinados diretos, e passou os últimos seis meses publicando exatamente o que eles determinavam que fosse publicado. Foram eles, na verdade, os principais editores do noticiário político neste país desde que o STF, num ato de pura militância, obrigou o presidente do Senado a abrir a CPI.

Sem o apoio maciço dos meios de comunicação, que durante todo o processo agiram como participantes das “investigações” e instrumentos de propaganda para os seus operadores, não teria havido nada. O que houve, no fim, foi só barulho — mas, sem a imprensa, nem isso teria havido.

De maneira deliberada ou por desatenção, na ânsia de “derrubar o governo” — o que seria ainda mais patético — a mídia transformou em novo herói da República um dos políticos mais enrolados com a Justiça penal que se pode encontrar hoje em atuação no Brasil. Para não encompridar o assunto: o homem tem nove processos no lombo por corrupção e, como tantos outros, está escondido no Congresso para se proteger com as suas “imunidades parlamentares”.

Isso para não falar no presidente da CPI, metido até o talo em denúncias de corrupção em seu estado, o Amazonas, justamente por ladroagem na área da saúde — sua própria mulher e irmãos foram para o xadrez, no mesmo episódio. É uma história que termina em ruínas.

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