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Diversos tipos de aplicativos têm ajudado agricultores e pecuaristas a terem na palma da mão opções para entenderem melhor suas propriedades. | JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO
Diversos tipos de aplicativos têm ajudado agricultores e pecuaristas a terem na palma da mão opções para entenderem melhor suas propriedades.| Foto: JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO

O movimento trazido pelas inovações digitais - como internet das coisas, inteligência artificial e outras -, que permitiram um grande salto na produtividade com a criação da indústria 4.0, está se repetindo no campo.

A agricultura 4.0 tem conseguido ganhos no agronegócio, da pré-produção até fora da porteira das fazendas. “As tecnologias digitais têm levado a agricultura de precisão a um novo patamar”, diz Silvia Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária.

“Cerca de 45% das empresas da área já usam alguma das novas técnicas, mas há grandes desafios à frente, seja por conta do custo alto dessas tecnologias, pela falta de conexão com a internet nas propriedades agrícolas ou pela baixa qualificação de mão de obra.”

Assim, satélites e drones colhem informações das condições da agricultura, do solo e das condições meteorológicas e repassam em tempo real para produtores e pesquisadores.

Sensores instalados nas plantações começam a guiar tratores e colheitadeiras automatizados, reduzindo custos e melhorando a eficiência das safras. E diversos tipos de aplicativos têm ajudado agricultores e pecuaristas a terem na palma da mão opções para entenderem melhor suas propriedades, suas culturas e criações. Bem como auxiliar pesquisadores, além de formuladores de políticas públicas e bancos a mensurar prováveis riscos para fornecer subsídios e empréstimos.

Dados

Os exemplos práticos vêm de várias áreas. Há aplicativos que avisam ao produtor de leite quando está na época de colocar uma vaca para ser emprenhada ou quando um bezerro deve ser desmamado. Outro, agrega informações de 1.600 estações meteorológicas do País e depois de processar os dados produz modelos e estudos para várias culturas, indicando a melhor época de plantio para cada lugar. As previsões são atualizadas diariamente, bem como os índices de seca, as probabilidades de geada e outros fenômenos climáticos e a quantidade de água no solo. Um software permite ainda reconhecer, por meio de fotos, pragas que podem estar assolando as colheitas e indicar tratamentos.

Em outra frente de trabalho, foi adaptado um modelo de simulação de plantio de arroz, o Oryza 2000, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisa do Arroz, das Filipinas, com os dados nacionais. Além das condições de solo e dos tipos de sementes usados no Brasil, foram colocados no sistema dados climáticos dos últimos 30 anos, de 51 estações meteorológicas ligadas às principais regiões produtoras do País. “A decisão que o agricultor tomava até algum tempo atrás com base em sua experiência e na tentativa e erro pode ser feita agora com rigor científico e analítico”, afirma Alexandre Bryan Heinemann, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão. Como os modelos desse projeto são mais sofisticados, essa ferramenta é usada sobretudo por pesquisadores e para auxiliar na tomada de decisões de políticas públicas para o setor.

Atuação

Há tantas possibilidades e demandas - seja do Ministério da Agricultura, de diferentes órgão públicos, de pesquisadores, de produtores e associações e empresas de tecnologia - que a Embrapa tem ganhado novas formas de atuação. Se antes, dedicava-se sobretudo à pesquisa e desenvolvimento, hoje, também tem funcionado como uma facilitadora: faz a ponte entre empresas, startups de tecnologia e investidores.

“Unimos várias pontas e trabalhamos sobretudo com inovação aberta, onde consórcios de pesquisa desenvolvem projetos de interesse comum até determinado ponto e os parceiros usam partes em seu modelo de negócios, reduzindo custos e melhorando a eficiência”, afirma Silvia.

É uma corrida contra o tempo, que todos os países fortes no agronegócio disputam. Só que, enquanto EUA e Europa têm ecossistemas mais bem articulados, aqui a pesquisa ainda sofre por falta de estrutura. O Oryza 2000, por exemplo, foi considerado projeto de big data na Embrapa Arroz e Feijão. “Tínhamos de rodar 24 modelos para cada dia do ano. Eram milhões de simulações que nossos servidores não eram capazes de fazer”, afirma Heinemann.

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