O Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgado nesta sexta-feira, em Curitiba, revelou queda na área territorial e no número de trabalhadores ligados à agricultura familiar. As propriedades que caracterizam o setor chegavam, de acordo com o censo realizado em 2017, a 3,9 milhões de unidades
No último censo, de 2006, a abrangência chegou a 4 milhões e 367 mil imóveis. A queda entre os dois censos foi de 9,3%. A população empregada também baixou: queda de 16,5%. Em 2006, ela era de 12,1 milhões de pessoas, mais foi reduzida a partir do censo renovado para 10,1 milhões (67% do total de empregados em estabelecimentos agropecuários do país). A média de pessoas ocupadas por estabelecimento caiu de 3,2 pessoas para 3,0 pessoas. Já a ocupação de terras associadas à agricultura familiar praticamente estabilizou (eram 81,2 milhões de hectares em 2006 contra 80,8 milhões de hectares em 2017).
De acordo com o IBGE, entre as hipóteses para explicar a redução territorial, está a passagem de um agricultor familiar para a condição de médio e grande produtor rural. Quanto à população empregada, as prováveis causas apontadas envolvem a crescente mecanização da agricultura e também à saída de agricultores da condição de familiares para outras categorias do setor agrícola. “Ao melhorar a situação do homem do campo, ele pode produzir mais e contratar pessoas. E esse fato faz com que ele não mais seja enquadrado na agricultura familiar, pois ele já evoluiu”, disse Antônio Carlos Simões Florido, gerente técnico do Censo Agropecuário 2017.
Mecanização
Um dos exemplos que ilustram essas transformações também está na mecanização, um fator que influencia na redução de mão de obra: o número de tratores no campo, de forma geral, cresceu 49,9% no período entre um censo e outro, chegando a 1,22 milhões de unidades. Florido, que trabalha com os censos há cerca de 40 anos, afirma que a partir de agora é preciso detalhar os dados para obter um entendimento aprofundado das causas que os números do censo apontaram, como os relacionados à queda do número de pessoas no campo.
“Então é preciso analisar: foi por que as pessoas saíram do campo? Foi por que esse produtor se beneficiou das políticas públicas e conseguiu evoluir, saindo da categoria de agricultor familiar? Ou foi por causa de envelhecimento e não teve mais ajuda ou aquele que começou a ter renda fora do estabelecimento, o que fez com que esse produtor não fosse mais qualificado como agricultor familiar? É preciso mergulhar nos dados e analisar”, afirmou o gerente-técnico do censo.
Outras causas
Setores representativos da agricultura familiar, como a Fetaep (Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Paraná), também apontaram outras causas para a queda, como a crise econômica. “Temos muitos agricultores familiares que dez anos atrás tinham uma situação precária, conseguiram evoluir com o crédito rural e foram para outros ambientes. Porém, temos uma parcela desse povo que saiu porque não tinha mais oportunidade nem renda, não tinha mais condição de manter a família no campo”, afirmou o presidente da Fetaep, Marcos Brambilla, que acompanhou a divulgação do censo.
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