A Expedição da Agricultura Familiar visitou a cidade de Francisco Beltrão que fica na região sudoeste do Paraná. No levantamento de dados do município o gerente regional da Emater, Orley Jayr Lopes, comentou que existem cerca de 62 mil estabelecimentos de produtores rurais espalhados pelos 42 municípios da região. Desses números, 85% são agricultores familiares. A produção varia entre grãos, leite e fruticultura e é um forte exemplo da contribuição decisiva da agricultura familiar para a economia do Paraná.
Soja e o controle de pragas
Leuclínio Brufatti é produtor rural e administra a propriedade com o filho, esposa e a nora. Sua principal atividade é a plantação de soja e milho. Neste mês, ele está iniciando o plantio. O filho Edson Paulo Brufatti é o braço direito do pai, mas ele admite que já tinha pensado em sair da propriedade. O objetivo era frequentar uma faculdade. “Eu quando comecei na faculdade sentia muita falta do campo, e pensava de como seria a vida do meu pai quando ele parasse de trabalhar. Então, resolvi voltar, trabalhar com meu pai, minha esposa e meu filho. Foi melhor assim. Ainda mais agora que estamos tendo bons resultados.”
São 69 hectares de propriedade. Em 34 deles são cultivados a soja e milho. Os homens cuidam da lavoura utilizando três tratores, para limpar, passar defensivos e plantar os grãos. As mulheres, esposa do Edson e sua mãe, cuidam das vacas e fazem a ordenha para a produção do leite. A soja e o milho eles repassam para a cooperativa Coasul, de onde eles tiram a receita para o sustento da família.
A família Brufatti está conseguindo ter ótimos resultados na propriedade com a plantação de grãos devido ao trabalho da Emater. A propriedade está servindo de modelo para outros agricultores da região de Francisco Beltrão. O coordenador da área de grãos, Ericson Fagundes Marx, conta que estão conseguindo controlar as pragas nas plantações. Trabalho referência como é chamado, mostra aos produtores a redução de agrotóxicos para combater insetos e doenças. São 241 áreas de bons exemplos com o manejo, de acordo com dados da Emater.
Essa preocupação com a soja é devida ao um volume significativo na região sudoeste. São 584 mil hectares plantados de soja na safra 2018/2019 pelos agricultores familiares. De produção chegaram a cerca de 2 milhões de toneladas de grãos. Eles vendem 100% do produto para cerealistas e cooperativas. O farelo de soja também é fonte de renda, pois outros agricultores compram para a alimentação de animais.
Resultados
O programa de manejo integrado de pragas foi realizado em 241 propriedades. Onde o manejo ocorreu, foram realizadas em média 1,7 aplicações de inseticidas por lavoura. Na propriedade sem o manejo, o número de aplicações mais que dobrou, registrando em média 3,5 aplicações por propriedade.
Com o manejo integrado de doenças não foi diferente: áreas acompanhadas aplicaram fungicidas 1,7 vezes. Porém, nas lavouras que não foram acompanhadas, o número de vezes também foi maior: 2,3 em média.
A redução média nos casos de manejo contra pragas e doenças, portanto, atingiu 30% com as novas formas de manejo e tecnologia. “Se todos utilizassem a tecnologia, o sudoeste, pode faturar 32 milhões de reais, e quem ganha é o agricultor”, afirma Ericson, da Emater.
O representante regional da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) e ex-secretário estadual da Agricultura, Valter Bianchini, afirma que o manejo, por exemplo, nas lavouras de soja atingidas pela ferrugem tem um impacto importante na redução do uso de agrotóxicos. “É uma realidade em todo o Paraná. Já a aplicação preventiva sem o manejo tem ficado mais que o dobro disso”, compara Bianchini a respeito da quantidade de produtos que precisam ser usados entre as propriedades com e sem manejo. (Com Redação)