Antonio e Aparecida começaram a produção com 2500 pés de rosa. Atualmente cultivam 38 mil pés e comercializam 2800 dúzias por mês.| Foto: Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
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O mercado nacional de rosas tem gigantes que dominam a produção. Centros como Holambra e Atibaia em São Paulo e Andradas em Minas Gerais estão em melhores condições de altitude – fundamentais para o crescimento dos botões das rosas. Somente a dupla paulista foi responsável por produzir em torno de 1288 hectares de flores em geral no último ano, segundo números da SAA/SP (Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo).

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Competir com esses gigantes é o trabalho de uma família inteira de Araruna, município do noroeste paranaense. O casal Antonio e Aparecida Ramalho comanda dois filhos e uma nora dentro da propriedade que cultiva atualmente cerca de 38 mil pés de rosa, mas que já foi destinada para a avicultura.

“Trabalhamos com avicultura e gado de leite por 15 anos. Quando meu pai faleceu, a propriedade foi dividida e nós buscamos trabalhar só com as flores”, explicou Antonio. O cultivo começou há 11 anos com apenas 2.500 pés plantados. Atualmente, a família comercializa 17 variedades de rosas com vendas mensais em torno de 2800 dúzias. Cada conjunto vendido rende entre R$ 10 e R$ 11, elevando o lucro familiar em comparação à avicultura.

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Família que trocou avicultura por produção de flores consegue equiparar o lucro.| Foto: Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A floricultura vem crescendo no Paraná. Segundo números da Seab (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento), o setor eleva suas receitas entre 6% a 8% ao ano, respondendo por cerca de R$ 140 milhões do VBP (Valor Bruto de Produção) paranaense. “Hoje tem mercado para vários pequenos produtores entrarem, não só em rosas, mas em diversas culturas de flores. Se entrar e dedicar, consegue ganhar dinheiro”, apontou Antonio.

O crescimento na produção estadual consegue suprir a forte demanda de flores no sul do Brasil. Com redução de custos de frete em comparação aos mercados paulista e mineiro, as rosas de Araruna e dos outros agricultores familiares do Paraná podem não conseguir botões grandes como os de Andradas, localizada a 913 m de altitude, mas possuem qualidade semelhante e por isso ganham espaço no mercado.

“No mercado conseguimos um início forte. As principais dificuldades foram com as pragas e doenças. Até por isso estamos levando nossa produção para as estufas. Quanto à comercialização, no ano em que entramos, verificamos que 90% das flores no Paraná vinha de Holambra ou Andradas. Como agregamos um trabalho com a família fica mais fácil para conseguir mão de obra”, pontuou Antonio.

Aposta em rosas vem de sonho familiar

Conforme foi verificado durante todo o roteiro da Expedição Agricultura Familiar, a “passagem de bastão” entre as gerações é um dos principais desafios para esses produtores. Mas entre os Ramalho, Antonio e Aparecida transformaram os ensinamentos passados para a educação de seus filhos, garantindo dessa forma o futuro da propriedade.

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“A verdade é que eu sempre tive um sonho. Ter um negócio para poder gerar renda e ter a família por perto. Quando nós começamos com os 2.500 pés de rosa eu queria dar conta de tudo. Carpir, colher e tudo eu queria fazer sozinha, mas eu acreditava tanto naquilo, que quando chovia eu ia ajoelhada arrancando o mato no meio do roseiral. E realmente deu certo, para mim é um prazer ver que eu consegui, de ter minha família por perto e ter a nossa renda”, contou Aparecida.

Dois filhos, nora e genro trabalham em conjunto com Antonio e Aparecida para o crescimento da propriedade.| Foto: Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Para Antonio, a decisão dos filhos de ficar na propriedade e não seguir para as cidades também é motivo de comemoração. “A gente traz um legado do meu finado pai que queria ver a família unida e trabalhando na lavoura. Meu pai teve pouco estudo, mas ele tinha uma visão que a agricultura familiar seria o futuro do país. E isso nós levamos para os nossos filhos, dar continuidade à sucessão rural aqui e não ir para a cidade, receber menos e ser mandado. Aqui eles irão estar trabalhando no que é deles”, completou o produtor.

O feito da família Ramalho superou uma outra dificuldade. A falta de assistência técnica. De forma autodidata, Antonio e Aparecida buscaram referências bibliográficas e junto a outros produtores e feiras técnicas, como a Hortitec (maior encontro do setor no país realizado anualmente em Holambra), foram moldando sua forma de trabalho na propriedade.

Família improvisou um caminhão baú em câmara frigorífica para preparar as rosas para as vendas.| Foto: Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
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“Hoje a formação está muito direcionada para as grandes culturas como soja e milho, mas a floricultura como ainda é um mercado que está sendo praticamente descoberto, são os próprios produtores que buscam se especializar, com obras técnicas e visitas em outras propriedades. Questões de adubação, sistema de podas e irrigação fazem com que os produtores sejam autodidatas, buscando assistência com outros produtores via WhatsApp”, finalizou Aparecida.

Família Ramalho: exemplo de união familiar no trabalho, superação e sonho realizado!| Foto: Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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