No município de Soledade, na região norte do Rio Grande do Sul, a produção predominante é a de soja, com contribuição decisiva da agricultura familiar. Cerca de 2 mil das 2.533 propriedades registradas fazem parte desse setor. Nessas áreas, a produção de soja chega a 70%. Na safra 2018/2019, a região produziu cerca de 2 mil toneladas de sacas em aproximadamente 40 mil hectares de lavoura. Segundo o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Soledade e Mormaço, Alessandro Gasparin, a meta é registrar novos recordes no ano que vem.
A soja, no Rio Grande do Sul, de acordo com o último censo agropecuário do IBGE, é o produto que historicamente mais registra faturamento entre os agricultores familiares do Estado.
"Os produtores da região estão corrigindo o solo. Em 2020, esperamos crescer em torno de 10 a 15% a mais de soja", projetou Gasparin.
O leite também é outro setor que vem crescendo, mas por enquanto a produção abrange um índice de 15% dos agricultores na região de Soledade. "Não são todos, mas boa parte dos plantadores de soja também têm a produção de leite. Os produtores estão se animando mais", disse Gasparin.
João Augusto Fioreze tem 28 anos de idade e administra a propriedade dos pais junto com sua esposa, Franciele Knopf dos Santos Fioreze, 28. Eles criam 35 vacas, 15 delas mantidas para a ordenha, produzindo 370 litros por dia.
João tem mais três irmãos, mas ele é o único que decidiu seguir os passos dos pais. "Meus irmãos não quiseram ficar na propriedade e foram pra cidade", afirmou. O pai de João, Jorge José Fioreze, conta que na época dele o lucro para produzir o leite era menor. "Nós fizemos um curso e hoje posso dizer que meu filho vai lucrar mais com o leite. Minha época era mais caro, gastava muito, sem falar que dava mais trabalho”, lembrou.
O sindicato dos trabalhadores rurais de Soledade chamou para si a tarefa de atrair os agricultores familiares para novos cursos. João sabe da importância de se atualizar. "Quando a gente aprendeu a fazer o manejo correto, tudo melhorou e produzimos mais." Afirmou.
Apoio do Sicredi
O último curso que a família Fioreze fez foi o “De olho na qualidade”, com o apoio do Sebrae, que entrou em contato com o sindicato para anunciar o curso. O apoio de instituições financeiras ajudou a realizar esses encontros com os agricultores. "Cada curso oferecido tem um custo para atrair os produtores. O Sicredi (cooperativa de crédito e segundo maior financiador do crédito agrícola no país) pagou o curso e quem se inscreveu, fez de graça. O Sicredi tem ajudado muito, pois o sindicato não pode ajudar financeiramente, mas aí temos esse apoio", comentou Gasparin.
Com orientação técnica e financeira, João tem novos planos para obter mais lucro para a família a partir do ano que vem. "Tem um casal de amigos que também são produtores de leite. Estamos pensando da gente se unir. Assim, produzimos mais e ganhamos mais financeiramente”, disse o agricultor.