Na comunidade São Valentin, que fica no município de Ponte Serrada, região oeste catarinense, mora a família Pagliari, um exemplo de agricultura familiar diversificada e com espaço garantido para as atuais e futuras gerações tocarem a propriedade.
A filosofia de trabalho dos Pagliari permite que ramos diferentes da família, representados por avós, pais, filhos e netos, consigam atuar juntos, reforçando laços e compromissos para manter o negócio pulsando e com sucesso. Eles trabalham na propriedade de 33 hectares, que concentra 80% da produção de alimentos orgânicos.
São mais de 50 tipos de alimentos vendidos em uma tradicional feira do produtor organizada na região de Ponte Serrada. “A gente tem uma divisão de trabalho para cada um, e ninguém fica parado. Como temos uma variedade de alimentos, precisamos cuidar diariamente. Um ajuda o outro o tempo todo” diz o agricultor Vanderlei Pagliari.
A mãe de Vanderlei, Lerilda Fátima Tadiotto Pagliari, vem de uma família de produtores. No campo, conheceu e casou com Juraci Pagliari. No início da vida em comum na roça, o casal acumulou experiências nas dificuldades, principalmente em épocas de baixa produção, e sabe o que é deixar uma região pela outra para tentar recomeçar tudo de novo. “Trabalhar no campo é muito difícil, até hoje é assim. É pesado e precisa de muito esforço, se não a gente não se sustenta. A sorte que plantamos nossa própria comida e vendemos. A vida sempre muito difícil.”
As netas já pensam de outra forma. Elas têm intimidade com a tecnologia que cabe na palma da mão. Com o celular, elas conseguem se comunicar com os clientes e garantir as receitas com as vendas da produção de orgânicos. Mas a dona Lerilda não está por satisfeita. “Olha, eu não gosto muito delas ficarem mexendo nesse celular, perde muito tempo. Aqui temos que trabalhar. Claro que cada um no seu quadrado, mas sei lá, a propaganda de boca em boca ainda é o melhor.” diz. Já o seu Juraci Pagliari entende que a tecnologia vem facilitando o dia a dia no campo. “Claro que tem bastante serviço, mas trabalha menos com serviço braçal, é mais com máquina e isso é bom pra gente”, comenta.
Com a nova geração o pensamento é mais além. Gessica Caroline Pagliari (19 anos) e Érica Cristina Pagliari Bazi (23 anos) fazem a criatividade falar mais alto para aumentar o lucro da família. “No ano, temos variedades das culturas, eu faço fotos das hortaliças que temos para colher, posto nas redes sociais, e o consumidor me faz uma lista do que precisa e monto o pedido um dia antes da entrega”, diz Érica. A venda inclui visitas dos clientes a propriedade para ver como é feito o trabalho da família. “Nossas vendas melhoraram muito com as visitas dos clientes. Temos muito cuidado em fazer o melhor atendimento e mostrar o carinho que temos com os alimentos que vai alimentar a família deles.”
Morangos
Na propriedade, nesta época do ano, são cultivados brócolis, alface, rúcula, mandioca, feijão, entre outras variedades. Com o morango, Érica já tinha uma visão de lucratividade para compor no orçamento da família. No inicio, alguns achavam que era só plantar na terra e esperar o fruto vir, o que não aconteceu, com prejuízo do investimento inicial. Foi aí que conheceram a Epagri, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina. A família conseguiu ter capacitação e tiveram que fazer uma estufa, garantindo a produção de morango o ano todo. “Eles fizeram a estufa neste espaço aqui, estamos dando essa assistência, eles continuam com essa variedade de hortaliças para atender a demanda local, de clientes que eles já conquistaram ao longo do tempo. A gente vê uma diversidade muito grande, e tentamos atendê-los da melhor forma possível.” afirmou Leila Angela Tirelli da Motta.
Epagri
A empresa trabalha com um time de instituições para reduzir o uso de agroquímicos no campo e oferecer alimentos com rastreabilidade. Na colheita sustentável , são1.480 produtores cadastrados no sistema de rastreabilidade. Houve um crescimento de 211% no número de produtores orgânicos de 2010 a 2018, e queda de 39% para 18% no índice de inconformidade de agrotóxicos em hortaliças entre os anos de 2010 e 18.
Com as informações divulgadas pela Epagri, o trabalho se especifica em desenvolver conhecimento e orientar os agricultores familiares na adoção de tecnologias sustentáveis, como produção orgânica, produção integrada, cultivo em abrigos e plantio direto de hortaliças. Em 2018, cerca de 1,8 mil participantes foram capacitados em produção limpa de hortaliças no Estado. No mesmo ano, foram cadastrados 1.480 horticultores em 197 municípios.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast
Eleição para juízes na Bolívia deve manter Justiça nas mãos da esquerda, avalia especialista