Devido ao relacionamento íntimo com a comida, muitas pessoas buscam se informar sobre como é a produção agrícola. Contudo, nem sempre a informação correta chega ao público.
Portanto, na próxima vez que você for ao supermercado, lembre-se de sete mitos modernos sobre uma das profissões mais antigas da humanidade: a agropecuária.
1.A maioria das fazendas pertence às grandes empresas
Este é um dos maiores erros. Nos Estados Unidos, 99% das fazendas são de famílias. No Brasil, aproximadamente 85% das propriedades agropecuárias vêm da agricultura familiar. Além disso, o cooperativismo é, geralmente, o que leva a comida para sua mesa: 50% dos médios produtores são associados a alguma cooperativa.
2.A agricultura é tradicional e tem pouca tecnologia
Enquanto carros automáticos estão fora do alcance da maioria dos consumidores, na roça há tratores automáticos com GPS e até mesmo caminhões autônomos, como este modelo apresentado na Gazeta do Povo. Achou pouco? Há propriedades que coletam dados geoespaciais para monitorar as variações no solo, temperatura e para adotar melhores práticas de cultivo.
Isso sem contar os diversos aplicativos para o agronegócio, que auxiliam com o clima, detecção de pragas, melhor desempenho de colheitadeiras e acionamento de irrigação a partir de celulares e tablets.
3.Agricultores usam sementes da própria colheita
Existe uma variedade imensa de sementes utilizada e mais adequada para os mais variados tipos de plantio. Por isso, o produtor rural busca comprar sementes adequadas ao terreno e ao clima da plantação, sob o risco de prejuízo ou fraco desempenho na colheita.
Isso significa que existem sementes geneticamente produzidas para potencializar o desempenho das lavouras e levar alimento “de sobra” ao supermercado.
4.Alimentos orgânicos vêm de produções naturais sem química
Tirando a engenharia genética, muito do que é produzido de forma orgânica também é fruto de análises de alta tecnologia para o uso correto do manejo do solo e adubação. E engana-se quem pensa que lavoura de produção orgânica não utiliza defensivos agrícolas.
Apesar de não serem os mesmos agroquímicos utilizados em grandes plantações, por exemplo, são utilizados os chamados defensivos naturais - alguns vendidos em larga escala, como o óleo de nim. A diferença é que essa modalidade de defensivos não é sintetizada de forma artificial.
Há estratégias orgânicas que incluem também o uso de urina de vaca para combater insetos em verduras ou uso de esterco ou urina como adubo.
5.Pesticidas não fazem bem à saúde
Vamos com calma: pesticidas são um termo genérico utilizados para uma variedade de compostos, como herbicidas contra ervas daninhas, fungicidas contra fungos, inseticidas contra insetos, etc. “Pesticidas” são, na verdade, defensivos agrícolas utilizados com fins específicos, inclusive em campos orgânicos. Há agroquímicos que podem ser utilizados em alta quantidade sem prejudicarem a saúde humana - ou animal.
6.Carne sem hormônios é sempre melhor
Nenhuma carne é livre de hormônios. Animais e plantas produzem, naturalmente, seus próprios hormônios. Inclusive, o estrogênio pode ser utilizado para que bovinos atinjam peso de forma mais rápida, mas isso não significa uma ameaça.
O ser humano produz (por conta própria) uma quantidade diária de estrogênio milhares de vezes maior do que a consumida em uma “generosa fatia de carne”, segundo estudo da Universidade Estadual de Iowa, nos Estados Unidos.
O problema é quando são utilizados hormônios proibidos, o que pode ser detectado pela fiscalização da vigilância sanitária.
7.Produtos químicos são uma ameaça à segurança alimentar
O problema para a segurança alimentar não é a química, é a biologia. Bactérias, vírus e parasitas que podem contaminar produções da agricultura e pecuária são combatidos com a química.
A lavagem em água corrente de alguns vegetais crus produzidos com a fertilização com estrume, por exemplo, apesar de natural, pode deixar algum resquício bacteriano. Geralmente não é nada que vai matar o ser humano, mas esse conhecimento é importante para entender que produtos químicos ‘entram’ nos alimentos de forma bem menos frequente.
Apesar disso, o cozimento, a limpeza e o armazenamento adequado dos alimentos ainda é a melhor maneira de não ser contaminado por micro-organismos.
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