O Brasil repete nesta safra a aposta que tem feito desde que o bushel de soja passou de vez os US$ 10 na Bolsa de Chicago. A área da oleaginosa será ampliada em todas as regiões, a começar pelos principais produtores de grãos, Paraná e Mato Grosso, mostra a edição de hoje do caderno Agronegócio. As consequências dessa aposta ainda causam certa controvérsia, mas no momento são tidas como um tiro certeiro, com razões no próprio cenário internacional.
Ampliar o cultivo da soja significa acreditar no contínuo crescimento populacional do planeta, na melhoria da renda per capita, enfim, no aumento gradual do consumo de carne. É também confiar na previsão de que o Brasil se consolidará como fornecedor global de alimentos. Além disso, representa ocupar espaço deixado pelos Estados Unidos, que investem mais no milho, mais produtivo nos campos do país, para dar conta da demanda interna e das exportações.
Todas essas variáveis vão definir se a corrida da soja terá, no médio e longo prazo, os resultados esperados pelos produtores brasileiros e pelo agronegócio como um todo. O certo é que o Brasil se especializou na sojicultura, alcançando as melhores produtividades do planeta. Passa, nesta temporada, à liderança em volume produzido e exportado. Isso tudo sem usar todas as áreas disponíveis nem esgotar as tecnologias apresentadas por empresas e instituições de pesquisa.
A Expedição Safra Gazeta do Povo acompanha esse processo desde 2006/07 e, a partir desta semana, mostra o andamento do plantio nos 12 estados brasileiros que mais produzem soja e milho. Os dois primeiros roteiros, Centro-Oeste e Sul, estão sendo cumpridos simultaneamente, com técnicos e jornalistas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Até o início de dezembro, as equipes vão atravessar ainda São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia. Na colheita, uma nova rodada de levantamento de dados vai incluir o Pará, a Argentina, o Paraguai e a Índia. A aposta na soja envolve praticamente todo o Brasil e abre caminho para o desenvolvimento do país a partir de sua mais antiga vocação, o cultivo da terra.
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