Aos 33 anos de idade e recém-casado, Márcio Braun (foto acima) cultiva a terra e cria gado em Teixeira Soares (Campos Gerais). Ele e a esposa Josilaine fazem parte do grupo de produtores rurais responsáveis por maior parte da produção nacional de alimentos: a agricultura familiar. A importância da categoria, porém, não a sustenta. Para sobreviverem e obter algum lucro, esses agricultores diversificam ao máximo sua produção, que na maioria das vezes é totalmente financiada por programas governamentais. O casal paranaense representa bem esse quadro. Além de possuírem uma pequena lavoura de grãos, com pouco mais de 30 hectares, contam com os rendimentos de uma granja com capacidade para 550 suínos, que funciona em sistema de integração, e de uma leiteria recém inaugurada. Parte dos recursos necessários para construção da unidade saiu do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). "Quando o mercado de grãos está em baixa, por exemplo, consigo compensar com o leite ou o suíno. E vice-versa", justifica.
Braun já pegou dinheiro do Pronaf duas vezes. Só para a leiteria foram R$ 80 mil, revela. "O dinheiro é barato. O problema é que falta flexibilidade para o pagamento. Independente de eu conseguir obter lucro com o negócio, preciso quitar a parcela na data estipulada, em uma só vez", afirma.
Por enquanto, a leiteria tem alcançado bons resultados. Com o preço atual do leite em R$ 0,80 centavos por litro, Braun consegue pagar os R$ 0,55 centavos de custo e guardar o restante para honrar o compromisso no banco. A captação diária tem ficado ente 700 e 750 litros e representam 70% da renda.
O agricultor pertence a uma família de nove irmãos e apenas dois decidiram continuar na atividade iniciada por seus pais. Embora consiga equilibrar as contas trabalhando em três atividades (grãos, leite e suíno), o produtor conta que pensa em desistir constantemente, principalmente quando só consegue cobrir os custos. "Além da dificuldade para conseguir mão-de-obra, precisamos investir sempre, e sem saber se teremos retorno. É preciso ter muita coragem para encarar as oscilações do mercado", avalia.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Brasil tem 4,5 milhões de estabelecimentos rurais familiares. Com mais de 400 mil unidades, o Paraná é o estado com maior número de agricultores registrados nessa categoria.