A produção industrial está aquecida. Mas quem está comprando tratores e colheitadeiras? A última máquina agrícola adquirida pelo produtor Roberto Pfann, que cultiva grãos e cereais no município de Guarapuava, é de 2004. Ele comprou uma colheitadeira New Holland, modelo TC 59, que saiu R$ 372 mil. Um ano mais tarde, já na safra 2005/06, Valter Winker, agricultor da mesma região, trocou sua TC 57 por uma CS 660. E em abril deste ano, Paulo Sérgio Grande, que planta uma área de 600 hectares em Pitanga, substituiu sua colhedeira por uma mais moderna e com maior eficiência.
Além do fato de produzirem na mesma região do Paraná, o Centro-Sul, e serem clientes da mesma concessionária, a Simex, eles são protagonistas de uma variação sem precedentes na indústria de máquinas. Nos últimos anos, o mercado experimentou altos e baixos provocados pelo desempenho do campo que levaram o setor a registrar recordes de vendas, mas também o pior resultado desde a implantação do Moderfrota, programa do governo que incentiva a ampliação ou renovação da frota agrícola.
No "ano de ouro", como a indústria gosta de se referir, foram comercializadas quase 40 mil unidades (tratores e colheitadeiras). Na época safra 2002/03 , a saca de soja também atingiu uma cotação histórica, acima de R$ 50 a saca. Três anos mais tarde, a pior marca: em 2005, quando a estiagem e o câmbio foram responsáveis por uma das maiores crises no campo, as vendas não atigiram 20 mil máquinas, segundo dados da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea).
Hoje, a expectativa das montadoras está na recuperação do agronegócio, que segue animado com o bom resultado da última safra de verão. No ano passado as vendas reagiram e cravaram em 1 mil colheitadeiras e 20,4 mil tratores. Para este ano, a estimativa da Anfavea é que o setor cresça 14%. No acumulado entre janeiro e maio desde ano, a variação foi de 31,7% em relação com igual período do ano passado.
O sobe-e-desce dos números reflete um cenário de conjuntura, uma reação em cadeia que pode afetar de maneira positiva ou negativa o setor. O gráfico mostra que os melhores anos da indústria foram aqueles em que a produção e os preços das commodities também bateram recorde, regra que se aplica aos anos ruins.
Mas em meio aos ciclos desse segmento, a pergunta é: qual a hora certa para trocar de máquina? A primeira análise, num momento em que o setor se recupera de uma das maiores crises da última década, passa pela questão financeira, mas não é só isso. Fazer ou não o investimento no imobilizado requer avaliações técnicas e agronômicas, como área a ser mecanizada e rendimento da máquina antiga e da nova.
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