A começar pelo tamanho das propriedades rurais, que somam centenas de hectares, Mato Grosso contrasta com outras regiões do país de modo corriqueiro. Em cidades do Vale do Araguaia como Canarana, que possui apenas 18 mil habitantes, a rua principal tem oito pistas, que permanecem a maior parte do tempo vazias nas duas mãos. Nos restaurantes ou hotéis, é preciso fazer força para mover as cadeiras de madeira do lugar e duas folhas de alface são suficientes para encher um prato. Borrachas de pneus de tratores agrícolas e caminhões graneleiros são aproveitadas para fabricação de poltronas (foto) e vasos externos. Uma reunião de produtores agrícolas mobiliza comboios de 30 a 40 caminhonetes e inclusive aviões. As distâncias entres as sedes das propriedades chegam a 20 quilômetros, com paisagens ora compostas por paredões de pedra, ora por imensas plantações de soja e muitas vezes por rebanhos de milhares de cabeças de gado nelore, numa dimensão capaz de fazer as demais regiões produtoras do país parecerem até pequenas.
Agronegócio com novo status
As empresas de agronegócio que atuam na região ganham status de multinacionais. Num barracão de Nova Xavantina (nordeste mato-grossense) usado como auditório, em meio a uma discussão sobre agricultura de precisão, o vice-presidente executivo da Ceagro Grupo Los Grobo, Antonio Oliva Neto, anunciou que a empresa terá um novo sócio estrangeiro. Fundada em 1994 pelo ex-produtor de batatas de Guarapuava (PR) Paulo Fachin, a Ceagro passou para o controle do Los Grobo em 2010 e, ao mesmo tempo em que expande negócios em Mato Grosso, receberá novos investimentos. A notícia promete dar lastro ao cumprimento de sua meta de dobrar a área de cultivo que abrange 50 mil hectares no Cerrado brasileiro em quatro anos. O nome do novo sócio e sua participação no negócio, no entanto, foram mantidos em segredo. A aquisição tem potencial para estremecer a economia do Vale do Araguaia, onde a companhia está apenas chegando. E o faturamento da empresa, que segundo Oliva Neto alcança a US$ 1 bilhão ao ano, deve seguir em linha crescente.
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