Duas criações que até agora cumpriam papel de coadjuvantes nas pastagens das propriedades rurais paranaenses começam a ganhar o status de protagonistas. Lançado há três anos, pela Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), o Programa de Estruturação das Cadeias Produtivas da Ovinocultura e da Caprinocultura apresenta bons resultados. Já funcionam no estado duas estruturas completas de criação, abate e venda de carne: o programa Cordeiro Castrolanda, desenvolvido pela cooperativa de mesmo nome, com sede em Castro (Campos Gerais); e a cooperativa Coopcarnes, de Francisco Beltrão (Sudoeste do estado), de caprinos.
"Ovinos e caprinos produzem carnes nobres e escassas, com excelentes perspectivas de mercado, cujas cadeias produtivas precisam de organização e profissionalização", afirma o veterinário Cezar Amin Pasqualin, implementador do programa, que é coordenado pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Segundo ele, já estão sendo criados núcleos de produtores em todas as regiões do estado. Muitos atuarão em consórcio com alianças mercadológicas de criadores de bovinos, já instaladas.
Inspirada na bem sucedida experiência com pecuária, que a tornou referência nacional na produção leiteira, em 2004 a Cooperativa Castrolanda começou a estruturar sua cadeia produtiva de ovinos. Seria mais um elo do programa de integração lavoura-pecuária, cujo principal objetivo é dar ao produtor mais opções de renda ao longo do ano. Poucos associados da cooperativa produziam ovinos, geralmente para consumo próprio. O excedente era vendido para atravessadores.
A Castrolanda direcionou seu foco à produção de cordeiros machos jovens, abatidos com, no máximo, quatro meses. É o produto ovino de maior aceitação no mercado. Por dois motivos: sua carne é mais suculenta e tem sabor menos acentuado que a dos animais mais velhos. Além disso, o menor peso da carcaça (o animal já abatido e limpo) favorece a venda e os cortes.
Hoje, 25 cooperados integram o programa Cordeiro Castrolanda, que soma 5 mil matrizes e abate entre 30 e 40 animais por semana. Segundo o veterinário Tarcisio Nicolau Bartmeyer, coordenador do programa, a meta é dobrar o número de matrizes e de abates semanais até 2008. Desde o ano passado, o abate é feito no frigorífico Irmãos Nuzda, de Castro. Com o selo SIP/POA (Serviço de Inspeção do Paraná/Produto de Origem Animal), a carne pode ser vendida dentro do estado. O próximo passo é a instalação de um sistema para a venda do produto em cortes.
A cooperativa Coopcarnes foi criada há cinco anos e já reúne 46 criadores de caprinos do Sudoeste paranaense, que somam cerca de 6 mil animais quase 10% do rebanho estadual. "A região não tinha tradição em caprinos, mas a crise que atingiu a agricultura nas últimas safras fez com que o pequeno e o médio produtor deixassem de plantar soja e buscassem alternativas de renda", afirma a zootecnista Tatiana Gonçalves Mezzomo, criadora, vice-presidente da cooperativa e membro da Associação dos Caprinocultores do Paraná (Capripar). O Sudoeste é a região paranaense com maior número de pequenas propriedades rurais.
A cada três meses, a Coopcarnes abate 600 cabritos: machos jovens, entre quatro e cinco meses de vida. Eles têm peso vivo de até 35 quilos e carcaça entre 12 e 16 quilos. O abate é feito em um frigorífico de suínos de Francisco Beltrão. A cooperativa recebe as carcaças, prepara os cortes e os embala com sua própria marca. Toda a produção é absorvida pelo mercado regional e vendida em supermercados, casas de carnes, restaurantes e churrascarias.
Os associados da Coopcarnes criam animais da raça boer, originária da África do Sul e específica para a produção de carnes. Para se obter a padronização, os rebanhos são criados no regime semi-extensivo: passam o dia no pasto e, à noite, são recolhidos a estábulos, onde recebem suplementação alimentar, com feno e ração.
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