Apesar da campanha pedindo adesão dos produtores rurais, o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) segue com sobra de R$ 2,79 bilhões nesta safra. O ABC oferece financiamento para projetos que reduzam a emissão de gases do efeito estufa e pode ser acessado por agricultores e pecuaristas. Em seu segundo ano, houve melhora na aplicação do orçamento, mas as quantias ainda estão muito aquém do esperado. Representantes do governo admitem que o entrave está ligado a dificuldades para elaboração dos projetos de financiamento.
Na safra 2011/2012, dos R$ 3,15 bilhões destinados ao programa, apenas R$ 356 milhões (11,3% do total) foram tomados por produtores a previsão é de que, até junho, haja apenas aumento residual nessa quantia. No primeiro ano do ABC, na safra 2010/2011, o percentual de aproveitamento dos recursos disponibilizados foi ainda menor: 2,9%.
A assessora técnica da Federação da Agricultura do Paraná (Faep) Carla Beck, que integra o grupo gestor do programa no estado, aponta a pouca divulgação e o número restrito de técnicos capacitados para trabalhar com o ABC como os fatores que contribuíram para a baixa participação dos agricultores paranaenses. "Estamos melhorando isso e teremos um aumento considerável na participação no curto prazo", afirma.
O engenheiro agrônomo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Paraná (Senar-PR) Johnny Franzon aposta que, na safra 2012/2013, os empréstimos devem aumentar consideravelmente, já que os dois principais entraves identificados para a aprovação dos projetos estão sendo solucionados: a dificuldade de determinar o que é passível de ser enquadrado no programa e a forma de análise individualizada para cada cultura.
"Antes, era preciso fazer um projeto para o trigo, outro para a soja e assim por diante", compara. Além disso, há iniciativas oficiais de treinamento para que técnicos ajudem produtores a elaborarem seus projetos.
Participação
De todos os recursos disponibilizados nacionalmente na safra atual, o Paraná captou 16%, ficando em segundo lugar, atrás de Minas Gerais. O vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil (BB), Osmar Dias, acredita que o Paraná possa elevar esse percentual, aproximando-se dos 20%, fração próxima à participação do estado na produção agrícola nacional. Dias espera o avanço mesmo com expectativas de que os empréstimos cresçam em todo o país.
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