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As colheitadeiras e os cortadores de cana correm contra o tempo (ou melhor, contra a chuva) nas lavouras brasileiras. A ampliação das plantações permitiu que, mesmo num ano de alta umidade, desfavorável à indústria, a produção de açúcar chegasse a 34,64 milhões de toneladas. O volume só tinha sido registrado há três décadas atrás, conforme o Ministério da Agricultura (Mapa). Quanto mais tarde as máquinas pararem, mais alimento deve ser remetido ao exterior. Um terço da produção é suficiente para o mercado interno.

O aumento nas exportações será de 4 milhões de toneladas, disse ontem o ministro da Agri-cultura, Reinhold Stephanes, na divulgação do terceiro relatório sobre a safra 2009/10. Pelo menos 60 usinas planejam continuar funcionando até fevereiro. Em anos de clima e mercado normais, a maioria interrompe colheita e moagem a partir de 15 de dezembro. Outras 140 devem antecipar em um mês (para março) a próxima safra.

A produção de cana deve alcançar 612 milhões de toneladas nesta safra em todo o país. Cinco safras atrás, foram colhidas 380 milhões de toneladas, conforme as estatísticas do governo. O aumento de 97% no volume colhido marca um novo capítulo na produção brasileira de agroenergia. Tendência que, neste ano, ganhou impulso do açúcar. O produto – valorizado por causa da quebra na safra de países como a Índia, que passou de exportador a importador – é o destino de 45% da ca­na, taxa que há um ano era de 40%.

"Temos mercado para açúcar e também para o álcool, temos indústria, temos cana. E dinheiro todo mundo precisa. O pessoal vai continuar moendo enquanto puder", afirma Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que abrange o Centro-Sul, incluindo o Paraná.

O estado, que segundo as primeiras avaliações estava prestes a perder a segunda posição no ranking dos maiores produtores para Minas Gerais, manteve-se atrás apenas de São Paulo. Deve colher 50 milhões de toneladas de cana no ciclo 2009/10 – 46% com destino ao açúcar.A safra adoçou também o bolso dos exportadores no estado. Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, houve crescimento de 63% na receita gerada pelas exportações de açúcar pelo Porto de Paranaguá. O índice compara o período de janeiro a novembro de 2009 com o de 2008. Os embarques renderam, nos últimos 11 meses, US$ 1,13 bilhão.

Tanto açúcar reduziu a produção de álcool anidro (que representa 25% da composição da gasolina). No entanto, as indústrias não vão deixar de produzir o combustível, sustenta a Unica. Se houvesse falta, a mistura poderia ser reduzida a 20%, o que elevaria os preços nas bombas.

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