As marcas suspensas não poderão ser receitadas para o controle da ferrugem da soja, porém outras 24 marcas permanecem aptas para recomendação| Foto: HEDESON ALVES/HEDESON ALVES

Na segunda metade de maio a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) suspendeu a autorização de 67 marcas comerciais de agrotóxicos que apresentaram eficiência abaixo da média dos produtos cadastrados. As marcas suspensas não poderão ser receitadas para o controle da ferrugem da soja, porém outras 24 marcas permanecem aptas para recomendação e serão reavaliadas na safra 2016/17. Apesar da reação negativa das empresas fabricantes e preocupação do setor produtivo, a entidade manteve a suspensão dos produtos.

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A preocupação é para preservar a eficiência dos produtos que ainda apresentam eficiência (ainda restam 26 produtos no mercado) e pela ausência de registro de moléculas novas para os próximos 10 anos. Em reunião no final da semana passada, representantes de entidades do setor produtivo, das indústrias e do setor público manifestaram suas posições e foi consenso que a Adapar adotou a medida correta, utilizando por fundamento os resultados de testes de eficiência agronômica apresentados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que é o órgão federal e oficial de pesquisa agronômica.

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Segundo o representante do Ministério da Agricultura no Paraná, Marcelo Bressan, essa metodologia da empresa de pesquisa sobre a eficiência dos agrotóxicos está sendo adotada inicialmente para a soja e posteriormente será ampliada para outros produtos. Ele citou também o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) como órgão de pesquisa oficial indicado para ampliar os estudos de manejo para conter o avanço da ferrugem da soja sobre as lavouras.

Esta medida, juntamente com a fiscalização do vazio sanitário e da calendarização da semeadura, tem por objetivo proteger a cultura da soja do ataque da ferrugem asiática e preservar os ingredientes ativos que ainda a controlam. A Portaria Adapar nº 91, de 21 de maio de 2015, determina que, para um agrotóxico ser cadastrado no Paraná, um dos requisitos é que apresente eficiência de 80% de controle para a praga ou doença, ou no mínimo que tenha eficiência superior à média dos agrotóxicos já cadastrados para aquela praga ou doença.

“Com isso, avançamos nos entendimentos e balizamento das posições que para combater a ferrugem asiática não podemos nos restringir apenas à aplicação de produtos químicos, mas sim adotar um conjunto de medidas de manejo que requer mais uso de assistência técnica e mais conscientização dos agricultores”, disse o diretor presidente da Adapar, Inácio Afonso Kroetz.

Segundo ele, essa preocupação é fundamental para o futuro da soja, visto que essa cultura é grande geradora de empregos e riqueza e vem sustentando a balança comercial do estado e do país. Só no Paraná, a soja movimentou em torno de R$ 18 bilhões no ano passado, segundo estimativas da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.

Opinião

A posição é que se houver um fato novo por parte da pesquisa, ou do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Adapar pode reavaliar sua posição. “Mas até agora fica tudo como está”, ressaltou Kroetz. Para o representante da Associação dos Produtores de Soja - Paraná (Aprosoja), José Eduardo Sismeiro, produto que não funciona tem que ser retirado do mercado. “Nossa preocupação é com os produtos que já foram comprados pelos produtores e que não temos mais como devolver, porque as revendas não vão aceitar mais”, disse.

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De acordo com as últimas publicações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a maioria dos agrotóxicos registrados para controle da ferrugem asiática da soja (doença causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi) estão com baixa eficiência. A causa é a resistência do fungo aos princípios ativos dos agrotóxicos usados repetidas vezes ao longo dos anos.

Avaliando as informações geradas pelo Sistema de Monitoramento de Comércio e Uso de Agrotóxicos no Estado do Paraná (SIAGRO), a Adapar confirmou que produtos ineficientes permanecem sendo utilizados em grande escala pelos agricultores, fato que gera elevação dos custos de produção, riscos de contaminação aos aplicadores e poluição, pois o agricultor terá que fazer repetidas aplicações se houver condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do fungo.

Os dirigentes das indústrias também concordaram com a medida da Adapar, mas questionaram a metodologia aplicada pela Embrapa e também a falta de informação sobre os testes realizados nos produtos. “Queremos ser informados dos testes, em quais caraterísticas eles estão sendo aplicados, mesmo porque temos consciência que hoje não se fala num produto único para o controle da ferrugem asiática e sim de um conjunto de técnicas para o controle, que vem a ser o manejo”, disse um dos representantes da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).

Testes

Na safra 2013/14, os testes realizados nos produtos recomendados para o controle da ferrugem asiática apresentaram eficiência de 40%, e na safra 2014/15, eficiência de 47%. Os produtos que ficaram no mercado serão reavaliados na safra 2016/17. Ainda segundo a Adapar, 24 empresas tiveram produtos com restrição de venda no Paraná, mas ainda permaneceram 11 empresas com produtos liberados para o controle da doença.

Kroetz informou que a Adapar participa de todas as discussões e reuniões sobre o assunto, constatando o consenso de que é preciso aplicar agrotóxicos nas lavouras com mais precisão e menos agressão. “Não podemos expor as cadeias produtivas da soja, do frango e outras, que representam os principais produtos de exportação agropecuária do Paraná, para que sofram restrições de desembarque em seus destinos finais e também para o consumidor brasileiro. O papel da Adapar é justamente o de promover a sanidade e qualidade dos produtos paranaenses e a segurança alimentar”, acrescentou.

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O gerente de Sanidade Vegetal da Adapar, Marcílio Martins Araújo, salientou que a suspensão de produtos agrotóxicos para o combate da ferrugem asiática não representa ato isolado. Ela está embutida numa estratégia de manejo que inclui a adoção de calendário para a semeadura e prazo para colheita ou dessecação das lavouras, visando coibir o cultivo da soja safrinha a partir da safra 2016/2017. “Precisamos evitar a ocorrência de hospedeiros na safrinha para preservar a safra principal que é o principal patrimônio dos produtores e do Estado”, justificou.

Os produtos suspensos estão relacionados para pesquisa de interessados na página da Adapar pelo link http://celepar07web.pr.gov.br/agrotoxicos e na página do SIAGRO, disponível apenas para Engenheiros Agrônomos habilitados a prescrever receitas de uso de agrotóxicos.