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Dívidas de custeio, investimento e prorrogação. Operações de crédito familiares ao mundo do agronegócio, mas que têm tirado o sono não só do produtor rural, como também dos agentes financeiros e outros credores do setor. Em alguns casos, o acúmulo dessas três modalidades de contratação, que foram renegociadas ou obedecem o cronograma normal de vencimento, transformam compromissos do campo numa bola de neve.

Devido às frustrações verificadas nas safras 2004/05 e 2005/06, que tiveram dívidas repactuadas no ano passado, as parcelas de crédito rural a vencer este ano incluem o custeio do ano agrícola em curso, mais o passivo dos anos anteriores. O produtor sabe quanto deve, assim como banco e fornecedores sabem o que têm a receber. A divergência é sobre a capacidade de pagamento do produtor.

O resultado positivo da safra 2006/07, que está praticamente concluída, acirra essa discussão. São vários os estudos e análises que tentam responder, de acordo com os interesses de cada parte, se o agricultor vai conseguir pagar a conta. Em um ponto todos concordam: o segmento está num processo de recuperação e ainda serão necessários pelo menos mais dois anos sem prejuízos generalizados para recuperar o fôlego e a renda.

A maior dificuldade é que ninguém sabe o tamanho do rombo. Existem referências, a partir dos operadores do crédito agrícola como o Banco do Brasil, que responde pela liberação de aproximadamente 60% do crédito oficial no país e até 70% Paraná. Se depender da análise do banco, a inadimplência este ano, seja de custeio, investimento ou renegociação, será muito pequena. O parâmetro da instituição são os compromissos que tinham vencimento até 31 de maio. Balanço da superintendência estadual revela que dos R$ 599 milhões, R$ 556 milhões foram pagos até 24 de maio. A expectativa é que a inadimplência seja de 0,5%.

O termômetro da Federação da Agricultura (Faep) já não é o mesmo. A entidade reconhece que o faturamento da última safra será suficiente para quitar os contratos que vencem em 2007, mas insuficiente para garantir a sobrevivência do produtor – custos de manutenção da família e da propriedade. A Faep espera que o governo anuncie um novo alongamento.

Conforme levantamento feito por consultorias privadas, a dívida total dos produtores brasileiros em 2007 é de R$ 20 bilhões. Até 2011 seriam R$ 60 bilhões. No Paraná, somente o Banco do Brasil renegociou no ano passado R$ 1,2 bilhão. Desse valor, R$ 240 milhões com vencimento este ano.

Não resta dúvida de que as avaliações de cada segmento, se o produtor terá ou não condições de pagar, são preponderantes. Mas a edição de hoje do Caminhos do Campo mostra um outro lado dessa realidade, que sai do campo político-institucional e estabelece uma relação direta entre produtor e mercado. Nos primeiros cinco meses deste ano as vendas de tratores no Brasil cresceram 31,3% e de colheitadeiras, 87,8%. A ressalva é que foi em cima de uma base pequena, mas não deixa de ser um crescimento expressivo num ambiente pós-crise.

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