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Demorou, mas depois de quatro meses de disputas políticas e judiciais o bom senso parece ter prevalecido. Os rebanhos que o Ministério da Agricultura declarou como focos de febre aftosa finalmente começam a ser abatidos no Paraná.

O caso agora passa a ter um encaminhamento prático, mas a dúvida e a polêmica ainda persistem. Será que realmente existe aftosa no estado? É muito provável que não. A justificativa mais forte apresentada pelo ministério é o chamado fator vinculante, que estabelece uma relação direta entre o gado paranaense e os animais de Mato Grosso do Sul, onde foram confirmados os primeiros focos da doença. Apesar do respaldo técnico e sanitário, os elementos utilizados para sustentar a tese ainda são muito subjetivos. O isolamento do vírus, necessário para o diagnóstico, não aconteceu.

Na prática, pode ser que nunca fique esclarecido se o Paraná tem ou não aftosa. Mas na teoria, o que vale é o comunicado que o governo brasileiro fez à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), de que foram registrados focos da doença. E foi justamente isso que o governo estadual e também os produtores – em especial no caso de São Sebastião da Amoreira, que teve o foco confirmado no dia 6 de dezembro – não conseguiram avaliar com a agilidade e urgência que o caso requer. Ou seja, depois do comunicado internacional, não tem mais como voltar atrás.

Se o procedimento padrão, com a determinação do abate ou do sacrifício sanitário fosse determinado de imediato, o estado já poderia estar caminhando na recuperação do status de área livre da doença. Criticado pela demora em anunciar o primeiro foco entre seus pecuaristas, o Mato Grosso do Sul acabou dando um exemplo de praticidade: em três meses sacrificou mais de 30 mil cabeças, limpou a área e com certeza vai ser declarado área livre antes do Paraná. O que dizer então dos argentinos, que ainda lutam contra a doença, mas do surgimento do primeiro caso ao sacrifício do rebanho passaram-se apenas quatro dias..

Mas como sempre há tempo, a máxima do antes tarde do que nunca se aplica mais uma vez e todos se perguntam: porque isso não foi resolvido antes? Por que o governador do estado alimenta diferenças com o ministro da Agricultura, porque não existe aftosa no Paraná ou então porque havia produtor recorrendo a instrumentos jurídicos que sustentavam ainda mais o impasse? A discussão pode ter um pouco de tudo isso, mas também é verdade que interesses políticos e pessoais estavam prevalecendo sobre o interesse público.

O governador esperneou, os produtores reclamaram e os ânimos se exaltaram. O Paraná contestou, se defendeu e está conseguindo, pelo menos no discurso, convencer de que a febre aftosa existe apenas por decreto. Mas ainda não terminou. É chegada a hora de mostrar a eficiência do estado não só na contestação, como também na capacidade operacional e no exercício do bom senso.

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